A transformação digital da América Latina segue firme, indiferente às turbulências dos recordes e derrocadas dos últimos anos.
Será que a chegada dos agentes superinteligentes movidos por AI, os pagamentos digitais via stablecoins e a multiplicação do talento empreendedor inauguraram uma era de ouro da inovação na América Latina?
O estudo digital da Atlantico deste ano responde a esta pergunta com um sonoro “sim!” em sua sexta edição, intitulada: “o fim da fricção”.
Publicado hoje, o relatório que se tornou referência no mercado de tecnologia traz centenas de gráficos e dados. Abaixo, uma seleção de 10 tópicos abordados:
1. Fundos de VC da região entregaram o mais alto nível de performance (percentil 95) com quase 4 vezes mais frequência que seus pares globais. Esse dado inédito tem como base de análise feita em parceria com a Spectra de mais de 50 fundos representando 60% do capital da região na última década. Os próximos destaques nos ajudam a entender esse feito histórico.
2. A região tem uma das populações mais conectadas do mundo, com brasileiros passando mais de 9 horas por dia na internet, 2,5 horas a mais que americanos e 3,5 horas a mais que chineses. Os brasileiros são conhecidos por adotarem novas tecnologias antes (e com mais intensidade) que a maioria do mundo.
3. O pioneirismo tecnológico nacional explica por que o Brasil é um dos 3 maiores usuários do ChatGPT com mais de 50 milhões de usuários mensais, números que representam 1 em cada 4 brasileiros e cerca de 10% da base de usuários global do aplicativo da OpenAI.
4. Mais que 70% de fundadores de startups reportam um alto nível de adoção de AI em seus produtos mesmo que 3 de 4 fundadores consideram a disponibilidade de alto talento de AI limitada. Os dados mostram que o uso de AI não se limita apenas à população mas também a empresas, com empresas que abraçam a tecnologia, como a Cloudwalk em pagamentos, atingindo níveis de receita por colaborador quase 4 vezes aqueles de concorrentes incumbentes, como a Cielo no mesmo mercado.
5. A demanda global por capacidade de data centers é estimada a crescer 3,5 vezes até 2030, colocando o Brasil em posição privilegiada devido à nossa abundância de energia limpa e com preços competitivos. Em paralelo, o governo brasileiro e seus vizinhos discutem propostas de incentivos fiscais para atrair investimentos de fora.
6. Quando olhamos para o capital financeiro, vemos investimentos de VC estabilizados em torno de US$ 4 bilhões por ano na América Latina, sem as “mega rodadas” de mais de $1 bilhão de dólares que têm impulsionado o mercado americano para cima. Fundos de venture capital da região estão sentados em $3 bilhões de dólares de dry powder – valores comprometidos, mas ainda não investidos.
7. No caso do capital humano, mapeamos mais de 130 novas empresas fundadas por ex-funcionários de unicórnios da região, mostrando a multiplicação do ecossistema empreendedor com o tempo. Esse estudo das “máfias” de tecnologia, feito em colaboração com a Norte Ventures mostrou que esses fundadores experientes captam na média 6 vezes mais capital em suas primeiras rodadas (seed stage).
8. Através de um estudo inédito do perfil do CEO empreendedor na América Latina, entrevistamos 100 fundadores e aplicamos modelos multimodais de inteligência artificial para mapear 5 arquétipos mais comuns e suas características e personalidades. Feito em parceria com a equipe de pesquisa de IA da Start Carreiras o estudo mostrou como fundadores tendem a ser mais otimistas, impacientes, e obstinados que a população. Fiquei feliz de ver que estou bem acompanhado no meu arquétipo (“Estrategista Global”) por David Vélez do Nubank e Sergio Furio da Creditas.
9. Calculamos o potencial de valor a ser gerado por empresas de tecnologia do Brasil em US$ 300 bilhões a US$ 1,6 trilhão ao longo das próximas décadas se alcançamos os níveis de penetração de países em desenvolvimento como a Índia ou aqueles mais desenvolvidos como os EUA. Os dados anuais do Índice Atlantico de Transformação Digital foram complementados esse ano por um novo estudo da penetração dos mercados de equities por empresas de tecnologia, que chegou à estimativa na mesma ordem de grandeza.
10. O Pix foi usado diariamente por 58% da população e no mínimo semanalmente por outros 24%, apontou uma enquete nacional feita com o instituto de pesquisa AtlasIntel. Estimamos que desde seu lançamento o Pix economizou para os varejistas cerca de R$ 80 bilhões em custos de processamento de cartões e de custos de manuseio de dinheiro em espécie.
Julio Vasconcellos é sócio-fundador do fundo de venture capital Atlantico.