A compra da Anglo American pela BHP pode ganhar um forte opositor: o governo sul-africano.

O ministro de recursos minerais do País, Gwede Mantashe, disse ao Financial Times que a experiência prévia da África do Sul com a BHP não foi positiva.

Ele lembrou da fusão da BHP com a mineradora sul-africana Biliton, que criou um dos maiores grupos de mineração naquela época.

Segundo Mantashe, a fusão “não fez muita coisa pela África do Sul” e resultou em uma saída de capital do país.

“O que vimos acontecer foi que eles abandonaram o carvão e depois criaram uma empresa marginal chamada South32,” disse.

Apesar de Mantashe ter afirmado que sua opinião não é uma posição oficial do governo, o ministro é um aliado bem próximo do presidente Cyril Ramaphosa.

Quase metade da receita da Anglo American vem da exploração de minas na África do Sul – então, ter um governo que não esteja feliz com o negócio está longe de ser positivo.

Além disso, com 6,99% do capital, o governo sul-africano é o maior acionista da Anglo American por meio da gestora estatal Public Investment Corporation (PIC).

O PIC disse em comunicado que vai trabalhar para garantir a criação de valor da transação, mas não fez comentários sobre o preço – a BHP ofereceu cerca de US$ 39 bilhões, um prêmio de 14,7% em relação ao preço de fechamento de ontem.

Porém, outros acionistas fizeram o papel de criticar a proposta, afinal a investida aconteceu em um momento de baixa das ações da mineradora.

Nick Stansbury, da Legal & General Investment Management, o 11º maior acionista da Anglo, disse ao FT que a proposta foi “altamente oportunista”.

Iain Pyle, gestor da Abrdn, usou o mesmo termo e afirmou que tem a sensação de que a proposta será aumentada.

As ações da Anglo American disparam quase 14% nesta quinta-feira, enquanto os papéis da BHP recuam 2,7%.