Dias depois de manter sua independência repelindo uma oferta da Eneva, a AES Tietê está comprando os ativos de geração eólica do grupo J. Malucelli — reforçando sua estratégia de reduzir a dependência da fonte hídrica, que hoje responde por 70% da capacidade de geração da empresa.
A Tietê vai pagar R$ 449 milhões por três parques eólicos no Rio Grande do Norte — uma das melhores regiões do País quando o assunto é vento — bem como vai assumir a dívida líquida do projeto, que soma R$ 201 milhões, totalizando um enterprise value de R$ 650 milhões. A capacidade instalada dos três parques é de 187 MW.
A aquisição vem dias depois da AES Corp. comprar a participação do BNDES na Tietê, colocando um ponto final numa disputa com a Eneva que se desenrolava há meses.
Após a conclusão da compra — prevista para dezembro — a Tietê terá uma capacidade de geração de 3,9 GW e aumentará a participação da energia eólica no portfólio de 19% para 23%. (A fonte hídrica cairá para 68%; e o restante virá da energia solar).
A empresa fechou o dia valendo R$ 5,8 bilhões na B3.
Em operação desde 2014, os três parques eólicos que a Tietê está comprando tem 100% de seus contratos no mercado regulado — que tem um risco menor de inadimplência. No ano passado, o grupo J. Malucelli havia aumentado sua participação nos parques de 51% para 100% comprando a parte da Eletrobras no negócio por R$ 178 milhões.
O J. Malucelli é um conglomerado diversificado com sede no Paraná e interesses em serviços financeiros, energia e infraestrutura.
O Bradesco, que já havia assessorado a AES Corp. na disputa com a Eneva e no financiamento para a compra da fatia do BNDES na empresa, foi o assessor exclusivo da Tietê na transação.