A ação da Aeris mergulhou 14,4% depois que a fabricante de pás eólicas divulgou um guidance que desapontou o sellside.
A companhia publicou o guidance na segunda-feira depois do fechamento do mercado.
Na manhã de hoje, o Itaú rebaixou a recomendação do papel de outperform para neutral e cortou o preço-alvo de R$ 14 para R$ 10. XP e BTG também emitiram notas negativas, preocupados com a rentabilidade e o crescimento da empresa controlada pelo empresário Alexandre Negrão.
O papel fechou a R$ 7,73 depois de negociar cerca de R$ 100 milhões, um volume quase três vezes maior que a média dos últimos 21 pregões.
A Aeris espera que seu EBITDA fique em R$ 200-250 milhões em 2021 e R$ 300-450 milhões em 2022.
Depois dos números, os analistas do Itaú cortaram suas projeções. O banco reduziu o EBITDA esperado para 2021 em 15% para R$ 250 milhões. O corte no resultado de 2022 foi ainda maior, de 42%, para R$ 333 milhões.
Os analistas dizem que o cenário de longo prazo para a energia limpa ainda é atrativo pelo aumento da demanda de governos, empresas e consumidores. No entanto, o cenário de curto prazo se mostra mais desafiador do que o esperado, já que as estimativas de crescimento aparentemente estão desacelerando.
Muitas das linhas de produção da Aeris entraram online nos últimos dois anos e ainda têm um ROIC abaixo de linhas maduras. (Para se ter uma ideia, a receita líquida da empresa pulou de R$ 830 milhões para R$ 2,2 bi entre 2019 e 2020.)
O ROIC tem caído do 4Q para cá em grande parte em função da entrada destas linhas.
“O mercado ainda não acertou muito o modelo dessa empresa,” disse um analista.
Antes da queda de hoje (e depois do guidance), o analista da XP, Lucas Laghi, disse que o papel negociava ao redor de 32x o lucro estimado para 2022, comparado a uma média global de 25x para empresas expostas à energia eólica. Depois da queda, o papel sai a 27,4x.