A JBS está sendo tratada “como carne de hambúrguer” desde sua estreia na Bolsa americana — mas a empresa “é filé mignon” e merece um valuation maior, disse a Barron’s ao recomendar a compra da ação em sua edição deste fim de semana.

O papel está de lado (+3%) desde sua listagem em Nova York, fechando a US$ 14,30 na sexta-feira, o que dá à companhia dos irmãos Batista um valor de mercado de quase US$ 16 bilhões.

Apesar da receita e o EBITDA da empresa terem crescido mais que os dos pares nos últimos cinco anos, a revista nota que a JBS está descontada e tem espaço para um re-rating: a brasileira negocia a 5,5x EV/EBITDA, contra 8x da Tyson Foods.

Há ainda, segundo a Barron’s, uma perspectiva de crescimento sólido para a empresa, que vai investir US$ 5 bilhões em cinco anos para ampliar seu parque industrial, incluindo uma nova fábrica de salsichas e a expansão das instalações de suínos nos EUA.

“A JBS demonstrou disciplina na alocação de capital, investindo em crescimento e mantendo um dividendo atrativo,” disse Michael Martino, da Mason Capital, que está comprado na empresa. “E os problemas de governança foram resolvidos.” 

No entanto, para ajudar o mercado a enxergar essa oportunidade, a revista diz que a companhia tem que fazer um dever de casa.

A comunicação com o investidor americano, por exemplo, é um ponto que precisa ser melhorado. 

“O primeiro balanço divulgado pela empresa nos EUA estava confuso, com resultados apresentados tanto em IFRS quanto em US GAAP, e houve algumas falhas técnicas no áudio da teleconferência,” disse a Barron’s. “A JBS também se beneficiaria se definisse um dividendo e o pagasse trimestralmente.”

Outro desafio para a empresa é recuperar as margens do seu negócio de carne bovina nos EUA, que surpreendeu negativamente no tri e pressionou a ação.

“O negócio está operando no vermelho devido ao menor rebanho bovino, o que tornou os animais relativamente caros em comparação com os preços da carne,” disse a revista, voltada para o investidor americano. “Se as margens se normalizarem, a empresa poderá gerar US$ 7 bilhões de EBITDA em 2027, acima dos US$ 6 bilhões estimados para 2025.”

A inclusão da ação da JBS em índices americanos também deve ajudar.

O papel poderá ser incluído no Russell 1000 e no S&P MidCap 400 em 2026, o que atrairia investidores ativos e passivos. Para chegar ao S&P 500, no entanto, a JBS precisa alcançar um valor de mercado mínimo de US$ 22,7 bilhões, disse a revista.

O BofA tem recomendação de compra para o papel e preço-alvo de US$ 21, o que indica um upside de 47%.