Fundos ligados a Abilio Diniz e Jorge Paulo Lemann investiram essa semana na rede de padarias paulistana Benjamin Abrahão (segundo a Forbes, pagaram 30 milhões de reais por 80% da rede).
Fundada em 1942, a Benjamin é um negócio familiar dos mais respeitáveis. Suas lojas permitem ao cidadão de Higienópolis e Jardins ler o jornal de manhã enquanto degusta as iguarias de Felipe Benjamin — o neto do fundador que dá nome à casa, e que com apenas 15 anos assumiu o posto de Chefe da Produção, embora já frequentasse a padoca desde os cinco, acompanhando o avô.
Só que, de acordo com The Economist, o negócio de padaria sofisticada está longe de ser um Pão de Açúcar — e muito menos uma Ambev.
Na edição desta semana, o jornal londrino conta como funciona o ‘economics’ — as margens de lucro — da City Bakery, uma padaria chique de Manhattan muito parecida com a Benjamin. O fundador da City, Maury Rubin, estudou na França e, assim como os investidores da Benjamin Abrahão, quer ganhar dinheiro.
Diz o Economist: “O senhor Rubin é daqueles padeiros que reverenciam os métodos tradicionais mas desejam um lucro gordo. No entanto, uma boa padaria é um mau negócio. A farinha é barata, mas a manteiga orgânica (que é metade de um croissant), não. Pontos bem localizados têm um aluguel caro. Incluindo tudo, o senhor Rubin gasta 2,60 dólares para fazer um croissant que é vendido por $3,50. Quando ele faz 100 unidades e vende 70, ele fatura $245, mas teve um custo de $260. Como ele se recusa a vender sobras — tudo o que é feito tem que ser vendido no mesmo dia — ele perde dinheiro. ‘Bem-vindo ao negócio de padaria,’ diz ele.”
Como não dá pra simplesmente subir os preços para entrar no azul, Rubin diz que tenta duas outras estratégias. A primeira é não vender só pães, mas também saladas e sanduíches gourmet no horário do almoço. Além disso, ele acompanha sistematicamente o padrão de consumo dos clientes para reduzir o desperdício — por exemplo, as pessoas tendem a não comprar brownies ou bolo de cenoura depois de um fim de semana em que enfiaram o pé na jaca. Quando chove, ou quando há um feriado escolar, ele assa menos.
Com os novos sócios, a Benjamin será um laboratório perfeito para demonstrar se é possível profissionalizar o mais familiar dos negócios familiares — e se a fórmula da City é o suficiente para margens apetitosas.