Novos casos de peste suína na China estão empurrando as ações da BRF e JBS.
No final da manhã, ambos os papéis subiam mais de 7%, impulsionados por uma expectativa de aumento na demanda por parte dos chineses, que teria o Brasil como um dos maiores beneficiados.
Apesar deste cenário favorável para os players brasileiros, alguns analistas ainda olham com cautela para 2023. Para Gustavo Troyano, do Itaú BBA, o surto atual pode não causar um impacto tão acentuado quanto a crise de 2019.
“Embora pareça justo supor que este será um tema quente de discussão entre os investidores, se confirmado, temos motivos para acreditar que os impactos serão mais brandos do que foram durante o último surto no país, e não prevemos grandes mudanças,” disse o analista em seu último relatório.
Em 2019, o último surto da doença na China dizimou 30% do plantel produtivo do país, o maior produtor e consumidor de carne suína do mundo. (A China é responsável por praticamente metade da produção global de suínos.)
No ano seguinte, a produção de carne suína na China recuou 15%, e as importações do país naquele ano dobraram em relação a 2019.
Na ocasião, o Brasil foi um dos países que mais se beneficiou. Em 2019, o produto nacional representava 13% de tudo o que a China importou naquele ano. Desde então, o share das empresas brasileiras dobrou para 26%.
A partir daquela crise, o governo central de Beijing trabalhou para implementar procedimentos de maior controle sanitário e intensificar seu sistema de produção.
O resultado fez com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estimasse a produção da China em 55 milhões de toneladas em 2023, retornando ao patamar pré-crise de 2019.
Agora, os novos casos jogam um balde de água fria no trabalho feito nos últimos dois anos. Empresas que realizam testes de peste suína na China, ouvidos pela Reuters, relatam que as detecções dispararam após o feriado do Ano Novo chinês.
Estima-se que quase metade das fazendas produtivas do norte da China já tenham detectado a doença. Segundo as fontes ouvidas pela agência, novos casos já teriam sido identificados em março, e o avanço da doença ainda não foi controlado.
Apesar da nova crise sanitária estar concentrada no rebanho de suínos, o Itaú BBA aposta que toda a cadeia de proteínas no Brasil, em especial a de carne bovina, possa se beneficiar, assim como ocorreu em 2019.
“No caso de uma intensificação do surto, preferimos nos posicionar mais uma vez por meio de exportadores de carne bovina em vez de carne suína ou de aves. Mantemos nossa preferência por JBS e Minerva sobre os outros nomes, pois essas empresas ainda estão sendo negociadas com uma avaliação atraente,” diz o relatório do banco.
As ações da Marfrig sobem 9%; a Minerva, 5%.