Já pensou em fazer as compras com seu vizinho?
A Zapt — uma startup de Belo Horizonte — acaba de levantar uma rodada seed para tentar popularizar no Brasil um fenômeno que virou febre na China: as ‘compras sociais’, que permitem que amigos ou vizinhos se juntem para conseguir descontos em produtos.
O Kaszek liderou a rodada de R$ 16 milhões, que também teve a participação do General Catalyst, o fundo de venture capital americano que foi um dos primeiros investidores do Snapchat e que liderou vários rounds do Airbnb e da Stripe.
Outros investidores incluem a Y Combinator, a incubadora do Vale do Silício, e investidores-anjo como Simon Last (cofundador do Notion), Pierpaolo Barbieri (CEO da Ualá) e Daniel Correa (sócio da Kapitalo).
A Zapt, que começou a funcionar há apenas quatro meses, está rodando um piloto em Belo Horizonte com produtos de 20 fornecedores, a maioria deles de alimentos e bebidas.
Mas os produtos não são exatamente o arroz ou o azeite que você acha no Assaí e no Atacadão. Em vez disso, a Zapt tenta oferecer uma curadoria de produtos que vão de camarão a bebidas premium, passando por um robô aspirador (um utensílio doméstico que virou febre na pandemia).
Ao se cadastrar na plataforma, o usuário tem acesso a uma série de ofertas: os descontos chegam a 50% se o grupo comprar uma quantidade mínima. A ideia é que as pessoas compartilhem os links com amigos para chegar no volume necessário e conseguir os descontos. (A Zapt fica com um ‘take rate’ de cerca de 10% sobre cada transação.)
Num primeiro momento, o foco da Zapt tem sido entrar em condomínios de prédios — onde, normalmente, os moradores já tem um grupo de Whatsapp ativo, o que facilita o processo. Mas a ideia é que o ecommerce viralize nas redes sociais e principalmente entre o público jovem.
Comparações com plataformas como Groupon e Peixe Urbano parecem inevitáveis, mas o cofundador e CEO da Zapt, Guilherme Nazareth, diz que isso seria comparar laranja com abacate.
“Essas plataformas eram focadas em serviços, e as empresas que vendiam operavam com margem negativa com a promessa de um dia esses clientes virarem recorrentes. Era um pedágio para gerar tráfego,” ele disse ao Brazil Journal. “Na Zapt o nosso foco é produto e mais de 40% dos nossos clientes já são recorrentes.”
Segundo ele, a grande inspiração da Zapt é a Pinduoduo, a plataforma chinesa de ‘social commerce’ que estreou na Nasdaq em 2018 e hoje vale mais de US$ 160 bilhões.
Nos EUA, ele diz que ainda não há nenhuma plataforma consolidada do tipo.
“O ‘comércio social’ funciona muito melhor em países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia,” diz João Jönk, o outro fundador. “A população desses países foi apresentada ao ecommerce pelo mobile, por convites de conhecidos no chat. Nos EUA, a compra online foi introduzida por email, então ela sempre foi muito mais individualizada.”
A Zapt nasceu da cabeça de João, Guilherme Nazaré e Guilherme Alvarenga, que se conheceram enquanto os três moravam em São Francisco. O filho de Alvarenga, Arthur (que está à frente da ChatPay), apresentou seu pai para João, que depois fez a ponte com Nazaré.
Com os recursos da rodada, a Zapt quer fechar parceria com 50 fornecedores em Belo Horizonte até o final do ano e entrar em mais cinco cidades, incluindo São Paulo.