Quando Eduardo Latache trabalhava na Base Partners, uma gestora de venture capital, uma das melhores decisões que tomou foi contratar uma assistente pessoal. 

Segundo ele, essa pessoa fazia o pagamento de suas contas, comprava passagens, agendava médicos, e cuidava de tudo em sua vida que não fosse relacionado ao trabalho.

“Aquilo mudou o meu dia a dia,” ele disse ao Brazil Journal. “Essa pessoa se tornou o prestador de serviço mais importante para mim, apesar de ganhar menos do que outros prestadores.”

Eduardo Latache ok

No início do ano passado, Latache deixou a Base para fundar a Tempo, uma startup que está tentando massificar a experiência que ele teve.

“Estamos resolvendo aquele ‘trabalho depois do trabalho’, que conforme você vai ficando mais velho vai ficando cada vez mais difícil de tocar.”

Para escalar a ideia, a Tempo está aliando o atendimento humano com inteligência artificial, que ajuda os assistentes a fazer seu trabalho com mais eficiência e atender um número maior de pessoas.

Eduardo diz que um assistente pessoal costuma atender de 5 a 7 clientes no máximo. “Com nossa solução, ele consegue atender mais de 20,” disse ele.

Para tirar a ideia do papel, a Tempo fez uma rodada de seed money liderada pela Maya Capital e com participação da Norte Ventures. O cheque foi de US$ 3,5 milhões, cerca de R$ 21 milhões ao câmbio de hoje. 

Nos últimos meses, a Tempo vinha operando em ‘stealth mode’ — e só fez seu lançamento oficial hoje.

Ainda debaixo do radar a startup conquistou 100 clientes (family & friends) que pagam um tíquete médio de R$ 1.000 por mês pelo serviço. (O valor varia de R$ 700 a R$ 2.500, dependendo do perfil de uso e do tamanho da família).

Num serviço que demanda uma confiança enorme — afinal, o assistente está lidando com as finanças do cliente e com todas as obrigações de sua vida — a Tempo está apostando numa conta pré-paga própria para dar mais segurança às operações. 

Os clientes depositam um valor nessa conta, que o assistente usa para fazer todos os pagamentos. (Cada operação precisa da aprovação do titular da conta, feita por Whatsapp). 

Todos os assistentes são contratados pela Tempo e trabalham full time na empresa. 

O preço atual do serviço ainda é inacessível para boa parte da população, mas Eduardo diz que o objetivo é ganhar cada vez mais eficiência na operação e assim reduzir o tíquete. 

“Hoje um assistente já atende mais de 20 pessoas, mas esperamos triplicar ou quadruplicar esse número, o que permitiria tornar a assinatura acessível para um cliente perfil Personnalité, que já é uma fatia de mais de 2 milhões de pessoas,” disse ele. 

Esse ganho de eficiência deve vir essencialmente da tecnologia.

“Sempre queremos ter o fator humano para não perder o toque pessoal, mas as respostas podem ser facilitadas por sugestões de IA, levando em conta o contexto e histórico de cada cliente. Isso vai dar eficiência e facilitar no caso de troca dos assistentes, para não prejudicar o serviço.”

Outra frente de expansão é vender a solução como um benefício que as empresas podem oferecer a seus funcionários. Segundo Eduardo, quatro companhias já estão testando o serviço. 

Até o final do ano, a expectativa da Tempo é chegar a 1.000 clientes pagantes, 10x seu tamanho atual, o que já daria uma receita de cerca de R$ 1 milhão/mês para a startup, considerando o tíquete médio atual.