A estreia da Beyond Meat na Nasdaq na semana passada – quando a ação subiu 163% – testou o apetite dos investidores para os alimentos veganos.
E o mercado mostrou que tem fome.
Seja por questões de saúde, preocupação com o aquecimento global ou por militância contra a crueldade animal, a dieta que caiu nas graças dos millennials está virando mainstream.
O faturamento combinado de alternativas veganas para carnes, leites, queijos e ovos subiu quase 20% nos EUA em 2018, segundo a Nielsen. No mesmo período, a demanda por alimentos em geral cresceu 2%.
Hoje um em cada quatro americanos de 25 a 34 anos se declara vegetariano ou vegano. Mas nem só de vegetarianos ou veganos radicais vive esse mercado. Há também os simpatizantes ou “flexitarians”. Nada menos que 34% dos americanos planejam incorporar alimentos plant based nas suas dietas em 2019.
No Brasil, país que exibe o segundo maior rebanho bovino do mundo, o interesse pelo veganismo é crescente.
Este mês o master chef vegano Matthew Kenney inaugura seu primeiro restaurante o país, o Plant Made.
Kenney é uma espécie de Jamie Oliver da culinária vegana: tem 25 restaurantes, 13 livros e linhas de produtos em parceria com redes como o Wal-Mart.
Depois dos EUA, a maior audiência do site e das redes sociais de Kenney é formada por brasileiros.
O Plant Made é um restaurante casual que serve lanches e refeições do café da manhã ao jantar, com uma geladeira de produtos “grab and go”. Dois brasileiros que trabalharam com Kenney por três anos em São Francisco estão pilotando a cozinha.
O restaurante é uma sociedade com Daniele e Fabio Zukerman, empresário da família de leiloeiros de imóveis que se tornou vegano há dois anos.
Na conversão ao veganismo, por influência da mulher Daniele, Fabio perdeu 50 quilos e abriu algumas portas: foi chamado a promover um leilão para arrecadar recursos para uma ONG de defesa de animais, a Mercy for Animals.
“Foi quando deu um estalo e resolvi empreender em uma causa que mudou a minha vida mas cujo impacto vai muito além da saúde. A questão do aquecimento global é muito séria. Estamos plantando para alimentar bichos”, diz Zukerman.
O casal vegano conheceu Kenney por acaso. Foram jantar em um de seus restaurantes em Miami e deram de cara com o chef. Deu liga.
O plano de Zukerman é ter apenas um restaurante próprio como flagship e mais tarde sublicenciar tanto o Plant Made quanto a Double Zero, a marca de pizzaria vegana do grupo.
O Plant Made é a segunda rede de alimentos veganos da Califórnia a vir para o Brasil.
Há seis anos, a Urban Remedy trouxe a moda dos sucos de legumes e verduras prensados a frio. Hoje já são seis quiosques e lojas em endereços como Oscar Freire e Shopping Iguatemi, onde é possível grab and go ou sentar para comer.
Trazida para o Brasil pela ex-banker Juliana Loureiro, a Urban Remedy agora se prepara para abrir mais dez lojas até o final de 2020. Para financiar a expansão, a empresa acaba de contratar a boutique de investimentos Acorn para organizar uma rodada de R$ 20 milhões.
Além de Juliana, os sócios atuais incluem: Roberta Suplicy, Pedro Paulo Diniz, Maurílio Biagi Filho e Marcelo Loureiro e Daniel Domeneghetti.
Juliana não divulga o faturamento, mas diz que a Urban Remedy cresce 10% ao ano no Brasil e alcançou o breakeven no final do ano passado.
A empresa também vai investir no desenvolvimento de um app de serviços e conteúdos. Além da venda de produtos, a ideia do app é ajudar os consumidores a melhorar a saúde por meio da alimentação – com dicas de dietas personalizadas de acordo com o DNA, objetivos e estilo de vida de cada um.