A Sinky — que usa inteligência artificial para automatizar o processo de análise de crédito — acaba de fechar uma rodada seed que atraiu a Randon Ventures, o braço de venture capital da fabricante de reboques, semirreboques e carrocerias de Caxias do Sul.

A captação, de cerca de US$ 1,2 milhão, foi coliderada pela Randon Ventures e pela SaaSholic, a gestora especializada em software de William Cordeiro, Gustavo Souza e Diego Gomes.

Essa é a primeira rodada da Sinky, que foi fundada há apenas um ano por Bruno Sayão, um empreendedor-serial que já fundou e vendeu outras duas startups. 

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A Randoncorp investiu com conhecimento de causa. A Rands, o braço financeiro da companhia, foi o primeiro cliente da Sinky, usando as soluções da startup para automatizar todo o trabalho por trás dos empréstimos que ela dá a seus clientes. 

Sayão disse que o processo de organização e análise de crédito da Rands levava 72 horas. Com a Sinky, passou a ser feito em minutos.

“Para analisar o crédito de um cliente, havia muitos processos manuais. O cliente mandava o balanço, por exemplo, e alguém tinha que analisar aquilo e passar as informações para uma planilha padronizada, que ia gerar os cálculos financeiros,” o fundador disse ao Brazil Journal. “Os analistas também tinham que analisar outros dados que a empresa mandava, como CNPJ, dados dos sócios, e por aí vai.”

A Sinky automatiza toda essa análise, aplicando as regras de crédito estipuladas pela empresa, o que evita erros por questões subjetivas. 

“Em poucos minutos, nosso sistema analisa todas essas informações e dá a resposta se aprova ou não e o limite de crédito,” disse Sayão.

Quando o valor é muito alto, o crédito pode ter que passar por uma análise manual, “mas mesmo nesses casos, já damos tudo mastigado para eles, com a AI resumindo todos os dados do cliente: quando a empresa foi fundada, qual o score no Serasa, o índice de liquidez corrente…”

A plataforma da Sinky também ajuda bancos e corretoras no processo de onboarding de novos clientes e na análise de fraudes, que exige integrações com sistemas como o da Receita Federal e do Serasa, que demandam o trabalho de programadores.

Para automatizar todos esses processos, o fundador disse que a startup desenvolveu uma tecnologia que combina AI generativa, machine learning e múltiplos agentes de AI. 

“Temos agentes treinados para fins específicos. Tem um que só sabe ler e interpretar extratos bancários do Bradesco. Ele não sabe fazer nada além disso. Tem outro que só sabe ler e interpretar DREs. Tem outro que pega as informações do Serasa e interpreta. São múltiplos agentes fazendo todas essas tarefas e, no final, quem tangibiliza tudo para o cliente é a Liza, a nossa copilot que faz um relatório final com todos esses dados coletados,” disse o fundador. 

Por enquanto, a Sinky está atendendo 10 clientes; os maiores deles são a Rands e a Vector, uma empresa do grupo Bunge. 

A empresa está saindo agora do ‘stealth mode’ e parte dos recursos da rodada será para contratar um time comercial e acelerar a captação de novos clientes. 

Sayão fundou a Sinky depois de ter vendido duas empresas. A primeira foi a IOUU, uma plataforma de crédito peer-to-peer que ele fundou em 2015 e vendeu para o Banco Voiter (o antigo Indusval) anos depois.

Depois da venda, ele foi trabalhar no Voiter, onde criou praticamente do zero um banco digital voltado para PMEs, batizado de Letsbank. A ideia do Letsbank era funcionar como um banking as a service, permitindo que outras empresas oferecessem seus produtos para sua base de clientes. 

No início de 2024, o Voiter (incluindo o Letsbank) foi vendido para o Banco Master. 

William Cordeiro, o gestor do SaaSHolic, disse que a Sinky “quer ocupar um espaço enorme e pouco visível: o backoffice de crédito, risco, fraude e compliance, só que reconstruído com inteligência artificial.”

“No fundo, a tese é clara: a Sinky quer ser a Sinqia [a empresa de software para o setor financeiro vendida em 2023 para a Evertec] da era da inteligência artificial, o novo alicerce do sistema financeiro, onde as decisões deixam de ser manuais e passam a ser inteligentes, auditáveis e automatizadas.”