Um dos legados da pandemia foi quebrar as fronteiras do trabalho — tornando comum a contratação de profissionais que podem morar e trabalhar a um oceano de distância do headquarters.
A Revelo surfou como ninguém essa mudança de paradigma.
A startup de recrutamento de profissionais de TI começou a internacionalizar seu negócio em meados do ano passado, atendendo empresas nos Estados Unidos que queriam contratar programadores no Brasil e na América Latina.
Em um ano, os EUA já representam 80% da receita da empresa, que multiplicou por 5,5 de lá para cá.
Agora, a Revelo acaba de fazer duas aquisições no México para reforçar essa tese. A startup comprou a ListoPro, que também opera como um marketplace de talentos tech, e a CeroUno, um bootcamp de ensino de programação.
A Revelo está pagando as duas aquisições em ações e dinheiro, usando recursos de uma rodada de US$ 28 milhões de meados do ano passado, e que não havia sido divulgada até agora.
A Series B foi liderada pela Bewater Ventures e teve a participação do IFC (o braço do Banco Mundial), FJ Labs, Valor Capital e Dalus Capital.
O fundador Lucas Mendes disse ao Brazil Journal que preferiu ficar fora do radar para não chamar a atenção do mercado sobre a estratégia de internacionalização até que a empresa já tivesse tração fora do Brasil.
“Não tem nenhuma empresa fazendo isso por lá: conectando as empresas americanas com talentos de tech na América Latina,” disse Lucas. “Tem empresas que batemos de frente, mas que buscam talentos na Europa Oriental, na Ásia e na África.”
Segundo ele, a América Latina tem uma vantagem porque o fuso horário é mais parecido com o dos EUA, o que permite que os profissionais trabalhem junto com as equipes de lá.
A Revelo já atende cerca de 100 empresas nos Estados Unidos e 900 no Brasil. A receita dos EUA é maior por conta do dólar e porque as empresas americanas “estão mais dispostas a pagar tíquetes maiores.”
“Eles têm muito mais dificuldade de contratar profissionais de tech porque a competição é brutal: eles têm que brigar por talentos com a Amazon e o Facebook, que pagam salários muito altos,” disse o fundador.
As duas aquisições no México vão contribuir nesse sentido, aumentando em 50 mil programadores o banco de talentos da Revelo (que conta hoje com 250 mil profissionais) e dando acesso a um mercado “que atende muito bem a Costa Leste dos EUA e o Vale do Silício.”
A ListoPro foi fundada por Giuseppe Belpiede, que trabalhou na Rocket Internet no Brasil no início dos anos 2010. Desde então, a startup levantou capital com fundos como SeedStars, Magma Ventures, Paralelo18, e investidores como os fundadores da Merama.
Com a aquisição, alguns desses acionistas estão virando sócios da Revelo.
Lucas disse que um dos grandes diferenciais da plataforma da Revelo é a profundidade de conhecimento que a startup tem sobre seu pool de talentos.
“Nossa tecnologia consegue entregar aos clientes profissionais que são diamantes brutos, e que dificilmente as empresas conseguiriam encontrar de outra forma,” disse o fundador. “E conforme o sistema vai fazendo os matchs e entregando o feed de sugestões para o cliente, ele vai aprendendo e oferecendo perfis cada vez melhores.”
A Revelo também oferece uma solução de gestão de folha de pagamentos e de benefícios que é usada por todas as empresas que a Revelo atende nos EUA, que de outra forma teriam que se adaptar aos sistemas tributários e trabalhistas de dezenas de países.
“A ideia é que com alguns cliques a empresa consiga gerenciar seus funcionários latinoamericanos.”