A Índia está considerando a Embraer e a russa Sukhoi como parceiros potenciais para uma JV que vai produzir jatos comerciais de pequeno porte naquele país.
A notícia, publicada sexta-feira pela Bloomberg, ajudou a Embraer a subir mais de 3% no dia e 12% na semana.
Segundo a Bloomberg, o governo indiano pretende ficar com 51% da nova empresa a ser criada e já finalizou “discussões preliminares” com a Embraer.
“A Índia é um dos mercados de aviação de maior crescimento, mas seus aeroportos têm capacidade limitada e pistas curtas, o que os torna incapazes de lidar com aeronaves da Boeing e Airbus,” escreveram os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia. Os aviões de pequeno porte da ATR, uma JV entre a Airbus e a italiana Leonardo, são muito comuns em rotas regionais na Índia, assim como os turbohélices da inglesa De Havilland.
O BTG acredita que a Embraer esteja mais bem posicionada para a parceria que a Sukhoi. Ela já tem laços estreitos com a Índia e um programa de aviação de maior sucesso. Além disso, a Rússia enfrenta sanções internacionais graças a sua invasão da Ucrânia, o que prejudica qualquer negócio com empresas do país.
“A Embraer já mencionou que vê a aviação regional na Índia como uma oportunidade de mercado, mostrando o desejo de aumentar sua exposição à região,” escreveram os analistas.
Para que a parceria faça sentido, no entanto, a Embraer teria que negociar pontos críticos, como o direito de propriedade sobre a tecnologia desenvolvida, a governança da JV, e o fit cultural, já que outras empresas que investiram na Índia acabaram não tendo sucesso.
Se esses aspectos forem bem endereçados, o BTG disse que veria a entrada na Índia com bons olhos.
Os analistas já recomendam a compra da ação da Embraer — mas por outros motivos.
Para eles, a ação está muito barata, negociando a 7,8x EBITDA enquanto peers globais como Boeing e Airbus negociam numa média de 11x.
Além disso, como já mostramos aqui, o BTG diz que a Embraer tem diversas opcionalidades não precificadas na ação, como a Eve, sua empresa de EVTOLs; a vertical de defesa, que produz aeronaves para governos; e a Tempest, sua empresa de cibersegurança.
O preço-alvo é de US$ 19. O papel fechou sexta-feira a US$ 13,75.