Os preços em queda e a dificuldade de encontrar reservas de fácil acesso estão detonando um novo tipo de corrida do ouro.

A americana Newmont Mining acaba de comprar a rival canadense Goldcorp, num acordo avaliado em US$ 10 bilhões que criou a maior produtora de ouro do mundo.

O movimento vem alguns meses depois de outro M&A de grandes proporções: a canadense Barrick, até então a maior do ramo, pagou US$ 6 bi pela Randgold.

Com um tombo de 30% nos preços do ouro desde o pico em 2011, as mineradoras têm buscado formas de reduzir os custos e aumentar a eficiência, enquanto travam uma verdadeira corrida para explorar as minas que ainda restam no mundo.

Em 2017, as mineradoras de ouro gastaram três vezes mais em exploração do que em 1995, mas acharam apenas 5% dos recursos que encontraram naquele ano.

De acordo com o Wall Street Journal, em 1995 foram encontradas 22 reservas de ouro com pelo menos 2 milhões de onças cada uma. Em 2010, este número caiu para seis reservas. No ano seguinte, para apenas uma e, em 2012, nenhuma reserva dessa magnitude foi encontrada.

“Se o setor continuasse do jeito que sempre foi, se tornaria irrelevante”, Mark Bristow, o CEO da empresa resultante da fusão entre a Barrick e a Randgold, disse à Bloomberg. “Nossa indústria tem poucos ativos com muitos times de gestão e precisa de reorganização”.

Além da Newmont, da Barrick e da Goldcorp, o setor de exploração de ouro é repleto de empresas de pequeno porte.

A Goldcorp já buscava há tempos uma parceira, e a Newmont quase fechou uma fusão com a Barrick em 2014 — o acordo só não foi adiante porque as duas não conseguiram alinhar a visão sobre a nova companhia.  

A má notícia: o cenário está ficando cada vez menos brilhante.  

Os preços continuam caindo com a alta dos juros nos EUA — os investidores tendem a correr para o ouro em momentos de crise e de baixa rentabilidade dos títulos públicos  ; e o esgotamento dos depósitos de alta qualidade e fácil acesso tem aumentado drasticamente os custos de extração, pressionando as margens.

A compra vem num momento em que as ações das Newmont e Barrick estão em queda de mais de 16% nos últimos doze meses, enquanto a Goldcorp acumula um recuo de quase 30%.

Pelo acordo, que envolve apenas a troca de ações, a Newmont está pagando um prêmio de 17% pela Goldcorp, considerando a cotação média dos últimos 20 pregões.

A Newmont deterá 65% do capital da nova empresa e a expectativa é de sinergias anuais da ordem de US$ 100 milhões. A nova empresa deve produzir cerca de 7 milhões de onças anuais nos próximos dez anos.

A aquisição também trará uma outra vantagem competitiva à Newmont. Ela passará a ter 75% de seus recursos nas Américas, 15% na Austrália e só 10% na África – onde o risco político e econômico é consideravelmente maior. Já a concorrente, a  Barrick, continua com boa parte de sua operação no continente africano.