Comprada em 2021 pelo Traders Club, a Economatica – a tradicional empresa de informações financeiras – passa nos últimos meses pela saída de alguns de seus principais executivos.
Agora, um time liderado por dois de seus ex-CEOs acaba de fundar uma boutique de processamento e análise de dados, a Galileu, que, em vez de uma plataforma única e commoditizada de informações, vai desenvolver projetos personalizados para seus clientes.
Estão à frente do projeto Diego Araújo, que foi CEO da Economatica até outubro, e Décio Santos, CTO histórico da empresa de dados que vinha acumulando o cargo de CEO até janeiro, quando saiu da empresa depois de 19 anos para abrir o novo negócio.
A primeira área de atuação da Galileu será desenvolver análises preditivas do agronegócio utilizando imagens de satélite e ferramentas de inteligência artificial.
Para as empresas financeiras, essas informações contribuem nas decisões sobre concessão de financiamentos e negociação de títulos de crédito.
“Acreditamos que teremos um diferencial nessa área,” disse Décio, o CTO da Galileu. “Há 200 agritechs no País, mas nenhuma trabalha nesse segmento.”
Segundo Diego, o CEO da nova empresa, o foco será o mercado B2B. “Vamos atuar com quem vai conceder o crédito, não com quem busca financiamento.”
Outra frente de negócio será oferecer bases de dados amplas para fundos quantitativos do Brasil e do exterior.
“Percebemos que existe uma demanda enorme de dados. Os modelos deles precisam da maior quantidade possível de informação – e quanto mais diferente melhor, porque eles trabalham com ativos não correlacionados,” disse Décio.
O time da Galileu, que ainda deve ganhar outros executivos que passaram pela Economática, também vê a oportunidade de prestar serviços de dados terceirizados para os bancos. Os dados – brutos ou customizados – poderão ser acessados diretamente por APIs, sem necessidade de terminais específicos como os do serviço tradicional da Economatica.
Fundada em 1986, a Economatica foi comprada pelo TC por R$ 42 milhões em um dos principais investimentos da empresa depois de seu IPO.
Em 2021, quando trocou de donos, a Economatica faturou R$ 16 milhões com uma margem de 20%. No ano passado, o faturamento alcançou R$ 30 milhões e a margem subiu para 35%, de acordo com fontes a par dos números. É uma das principais fontes de receita do TC.
Apesar dos bons números, as trocas de comando têm sido recorrentes.
Com a saída de Décio, o terceiro CEO em três anos, quem assumiu a direção foi Danillo Emerick, o diretor-executivo de serviços financeiros do TC e que já havia sido diretor de produtos B2B da Economatica.