A Klubi – uma fintech no mercado de consórcios – acaba de levantar R$ 32 milhões para escalar seu negócio de venda direta, aumentar a penetração de crédito para carros e imóveis e entrar no mercado de seguros. 

O aporte foi uma extensão da rodada Série A que a startup fez no fim do ano passado e teve os mesmos investidores: o Patria Investimentos, a L4 Venture Builder – ligada à B3 – e a Cyrela Ventures. No total, a empresa levantou R$ 77 milhões na rodada. 

A Klubi foi fundada em 2020 depois que o fundador Eduardo Rocha percebeu o quanto esse mercado, apesar de crescer ano após ano, ainda era mal atendido pelos grandes players.12 03 Eduardo Rocha ok

Antes de fundar a startup, Rocha comandou a Rodobens – especializada em consórcios para automóveis e caminhões – por oito anos. 

Quando assumiu o comando da Rodobens, Rocha ficou surpreso com a taxa de quase 90% de aprovação nos consórcios de veículos, comparado a apenas 30% de aprovação no financiamento bancário de automóveis. Detalhe: com índices de inadimplência mais baixos que outras categorias de crédito. 

“Eu percebi que existia um produto brilhante, mas que ainda era operado de maneira arcaica por parte do mercado e era incapaz de escalar para o público que mais precisa,” Rocha disse ao Brazil Journal

Para Rocha, o consórcio poderia ser escalado para itens de menor valor, como celulares, caso conseguisse atender os clientes com mais eficiência – e sem intermediários. Uma espécie de consórcio 2.0. 

“O modelo atual é analógico e intermediado por gerentes de agência, vendedores de concessionária, entre outros, que invariavelmente recebem uma comissão muito elevada para colocar esse produto no mercado,” disse. 

A partir dessa ideia, foi atrás de investidores em 2020. Além de colocar capital próprio, recebeu investimentos de nomes como Paulo Veras, Ariel Lambrecht e Renato Freitas, cofundadores da 99, e Guilherme Bonifácio, um dos fundadores do iFood. 

Para conseguir escalar as vendas, Rocha apostou num atendimento 100% digital que evoluiu para a Kris, uma assistente de AI. 

Segundo o fundador, hoje a Kris resolve mais de 90% das interações com os clientes – inclusive vendas – no primeiro contato. A agente realiza 200 mil atendimentos por mês. 

Rocha também diz que a assistente ajuda na cobrança, o que acaba reduzindo os índices de inadimplência. 

Segundo o fundador, hoje a inadimplência da Klubi gira em torno de 2% em automóveis e entre 8% e 9% em celulares, números abaixo da média do financiamento tradicional.

“O consórcio invariavelmente vai entregar o crédito quando esse usuário já pagou metade do valor que ele busca resgatar,” disse. “Então é muito pouco provável que você tenha um grande problema de inadimplência.”

Mas para crescer, a Klubi também precisou ir atrás de parceiros – até para reduzir um possível temor dos clientes de se vincular a uma marca pouco conhecida. Por isso, Rocha buscou varejistas e financeiras para oferecer o consórcio em um formato white label.

Funciona assim: a Klubi cria uma página na internet com a comunicação do parceiro, mas todo o processo fica sob responsabilidade da startup. Em troca, paga um fee para o parceiro.

Dessa maneira, a Klubi atraiu empresas como Vivo, Localiza, C6, PicPay, Neon, Cyrela, Serasa, 99 e OLX. Hoje esse canal representa 50% das vendas da companhia – o restante vem do próprio site da Klubi.

A empresa já tem uma carteira de R$ 2 bilhões e uma receita anualizada de R$ 180 milhões, crescendo 3x sobre o ano passado.

Apesar de ter começado recentemente a oferecer consórcio para automóveis e imóveis, os celulares continuam tendo a maior participação na receita. Outro consórcio que vem crescendo aceleradamente é o de motos, segundo o fundador. 

Com o novo aporte, a Klubi quer aumentar o conhecimento da sua marca por meio de campanhas para ampliar as vendas por seu canal direto – e assim pagar menos fees. Mesmo assim, Rocha vê espaço para novas parcerias e ainda quer abrir uma nova avenida de crescimento: uma corretora de seguros. 

A fintech já obteve uma licença da SUSEP e começa a testar a venda de seguro para celulares, autos, motos, imóveis e vida, todos 100% automatizados pela Kris.

Somente no primeiro semestre deste ano, o mercado de consórcios movimentou R$ 222 bilhões, uma alta de 30% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com essa aceleração em vista, a companhia projeta superar R$ 5 bilhões em carteira e mais que dobrar a receita – apoiada no crescimento das categorias de celular e moto e na tração dos consórcios de veículos e imóveis. Rocha também prevê que a Klubi alcançará o break-even no ano que vem. 

“Os incumbentes não têm tecnologia para fazer um consórcio de R$ 5 mil funcionar com eficiência – e, pelo modelo de comissionamento, não têm incentivo para isso,” disse o fundador. “Nós temos.”