A Ambipar acaba de assinar um acordo com a British Petroleum (BP) para criar uma joint venture no Peru que vai operar projetos de compensação de carbono.

A Ambipar deve ficar com 51% da JV por meio de sua subsidiária Biofílica, enquanto a petroleira britânica ficará com o restante, mas os termos do acordo ainda não foram finalizados.

As duas empresas também estão se comprometendo a fazer um aporte de capital “relevante” na nova JV, o CEO e cofundador da Biofílica, Plínio Ribeiro, disse ao Brazil Journal.

A JV vai participar de licitações do governo peruano para a concessão de florestas para fins de conservação. Nesse modelo de concessão não há capex inicial, mas a empresa licitante se compromete com um opex específico pela duração do contrato.

Ao gerar e vender os créditos de carbono, uma parte da receita é usada para cobrir essas despesas, parte é transferida ao Poder Público, e o restante é o lucro da empresa.

A Ambipar vai entrar com sua expertise em geração de crédito de carbono, enquanto a BP vai agregar seu know-how em concessões, seu capital, além de ter o ‘right of first offer’ de todos os créditos gerados nos projetos da JV.

“Com essa parceria vamos conseguir entrar com muito mais escala, com um comprador triple-A para os créditos, e com a divisão de risco compartilhada,” disse Plínio.

A escolha do Peru não foi por acaso.

O país tem a segundo maior área de florestas da América Latina, atrás apenas do Brasil, e uma legislação muito avançada para concessões de áreas públicas para fins de conservação.

A Ambipar estima que existam de 5 a 6 milhões de hectares de florestas públicas que podem ser concedidas à iniciativa privada.

Hoje, há apenas dez concessões em operação – todas nas mãos de empresas europeias – mas o Peru tem um pipeline robusto de novas concessões já no curto prazo.

“Temos todas as condições técnicas de disputar essas concessões com essas empresas e de nos tornarmos um player relevante na região,” disse o CEO.

Como a JV vai operar num modelo asset light, os recursos que as duas empresas vão injetar na JV basicamente vão financiar a estrutura da companhia, a realização dos estudos técnicos e a elaboração dos projetos para participar das licitações.

“Parece um investimento baixo, mas quando você faz esses estudos técnicos para 30-40 projetos simultaneamente, você precisa de uma estrutura grande,” disse o CEO.

A Biofílica foi cofundada por Plínio em 2007 e é uma das líderes desse mercado no Brasil. A empresa foi adquirida pela Ambipar no ano passado.

Plínio disse que no Brasil o mercado é bem diferente: a legislação ambiental ainda não permite a concessão de áreas públicas para fins de conservação – limitando drasticamente o crescimento do mercado.

Por conta disso, no Brasil a Biofílica opera basicamente com o setor privado: ela fecha parcerias com donos de floresta na Amazônia para operar as terras – cuidando da gestão, monitoramento e atividades de estímulo à bioeconomia da região, por exemplo – e gerar os créditos de carbono, dividindo os resultados.

A Biofílica também opera em outras duas verticais: a chamada ARR, em que ela restaura áreas desmatadas para depois gerar os créditos de carbono; e a ALM, que faz a gestão da terra para empresas como a Minerva Foods, ajudando na redução das emissões.