A JHSF fechou um acordo com a 1686 Partners, a gestora europeia de private equity recém criada por David Wertheimer, um dos herdeiros da Chanel.
O acordo dá à JHSF Capital — o braço de gestão do grupo — o direito de distribuir o primeiro fundo da 1686 com exclusividade no Brasil e na América Latina, permitindo a seus investidores acessar um produto global focado em marcas ascendentes do mercado de luxo.
O objetivo da JHSF é captar US$ 50 milhões junto a alguns poucos clientes brasileiros, incluindo a própria família Auriemo, controladora da empresa.
A JHSF Capital criou um veículo que comprará cotas do fundo da 1686, que pretende levantar US$ 300 milhões no total.
Além dos recursos que a JHSF vai captar, a 1686 disse que já tem commitments de US$ 150 milhões e espera levantar os US$ 100 milhões restantes até maio.
A parceria vai ao encontro da estratégia do CEO Augusto Martins de dobrar a aposta da JHSF em negócios de receita recorrente — o que inclui a própria JHSF Capital, os shopping centers, os hotéis e restaurantes Fasano, e o aeroporto executivo Catarina.
A captação do novo fundo vai aumentar em 15% os ativos sob gestão da JHSF Capital, que já tem R$ 1,6 bilhão em AUM, divididos entre um fundo imobiliário monoativo que tem 33% do Shopping Cidade Jardim e um FII que tem participações no Shopping Ponta Negra, de Manaus, e Bela Vista, de Salvador, que são controlados pela JHSF.
A gestora tem um pipeline de captação de R$ 3 bi nos próximos dois anos, incluindo um fundo de renda residencial, e um FII de desenvolvimento residencial em parceria com a eB Capital.
Além de aumentar os ativos sob gestão da JHSF Capital, a parceria com a 1686 vai gerar “uma sinergia grande de troca de conhecimento,” o CEO da JHSF disse ao Brazil Journal. “Vamos ter acesso a novas marcas de luxo de impacto global nos principais setores de alta renda, bem como à visão do David sobre as novas tendências.”
A JHSF também terá um assento no comitê de investimentos da 1686 e uma base física em Genebra, no mesmo escritório da parceira.
“Também vamos ter exclusividade para desenvolver as marcas investidas pelo fundo na América Latina,” o que beneficia diretamente os shoppings da empresa, disse o CEO.
A tese da 1686 é investir em marcas de luxo, marcas aspiracionais ou marcas acessíveis que estejam num estágio inicial de desenvolvimento e tenham um impacto positivo para a sociedade — seja por conta do uso de materiais sustentáveis, de processos de produção mais verdes ou de um approach diferente na distribuição.
O fundo vai investir em marcas de moda, relógios e jóias, acessórios, cosméticos e gastronomia.
Wertheimer — que é filho do co-controlador da Chanel, Gérard Wertheimer — já testou a mesma tese num outro veículo que levantou em 2020 dentro da Mirabaud, o Mirabaud Lifestyle Impact & Innovation Fund.
Aquele fundo investiu US$ 150 milhões em marcas como a chinesa Urbanic, que vende roupas no modelo fast-fashion; a La Bouche Rouge, uma marca francesa de maquiagens; e a Cariuma, uma marca brasileira de calçados que só trabalha com materiais sustentáveis.
A ideia é que o novo fundo da 1686 faça novas rodadas em algumas das marcas que já estão no portfólio do veículo anterior.
Por enquanto, o fundo já fez quatro investimentos: a Fusalp, uma marca francesa de esportes de montanha e fashion que compete diretamente com a Moncler; a Watchbox, uma plataforma para a negociação de relógios usados de luxo; a MSCHF, um coletivo de arte de Nova York que produz e vende arte online; e a Syrup, um software que ajuda varejistas e marcas a otimizar seu estoque com IA.