A Goomer acaba de levantar R$ 15 milhões para acelerar seu modelo de negócios: ajudar pequenos restaurantes a criar o canal de vendas online, evitando as taxas de 15% a 20% dos iFoods e Rappis da vida.
A captação foi liderada pela Bridge One, uma gestora de VC que acaba de levantar seu primeiro fundo, e teve a participação da Aimorés Investimentos e da DOMO Invest, a gestora que tem como sócios Rodrigo Borges, cofundador do Buscapé; Guga Stocco, ex-Buscapé e ex-head de inovação do Banco Original; e Márcio Zarzur, ex-UBS, BTG e Credit Suisse.
A rodada ‘Series A’ é a segunda da Goomer, que foi fundada em 2014 por três engenheiros mecatrônicos. A startup começou vendendo um software de cardápios para tablets e totens de autoatendimento para clientes como Madero, Spoleto e Jerônimo.
Em março do ano passado, quando a pandemia eclodiu, a Goomer se viu à beira do abismo: os restaurantes fecharam e sua receita começou a derreter, mergulhando para perto de zero.
“Todos os nossos clientes vieram falar que iam fechar os restaurantes por pelo menos dois meses… congelou tudo,” lembra Felipe Lo Sardo, o cofundador e CEO.
Em vez de chorar sobre o leite derramado, os três fundadores ‘pivotaram’ o negócio, ainda dentro do modelo SaaS: em quatro dias, desenvolveram uma solução de delivery para pequenos restaurantes — que estavam sendo obrigados a vender 100% pelos marketplaces, pagando taxas que engoliam toda a margem de lucro.
A solução, chamada de GoomerGo, funciona de forma integrada com o Whatsapp. Quando um restaurante entra na plataforma, ele ganha um link proprietário que direciona o cliente para uma espécie de cardápio virtual. Quando o cliente escolhe o que vai comer, o próprio Whatsapp do cliente dispara o pedido para o Whatsapp do restaurante — criando um canal direto entre os dois.
Para ganhar capilaridade de forma rápida, a Goomer lançou a ferramenta sem cobrar um tostão.
“Nossa estratégia foi primeiro criar uma base muito grande de restaurantes, conseguir um aporte antecipado para ajudar a passar por aquele momento e, depois de alguns meses, começar a vender outros produtos e monetizar aquela base,” diz o fundador.
Dito e feito.
O GoomerGo viralizou tão rápido quanto a covid: em duas semanas, chegou a 2 mil restaurantes; em dois meses, a 20 mil.
Hoje, são mais de 110 mil restaurantes cadastrados — dos quais 20 mil usaram a plataforma na última semana.
Para monetizar a base, a startup lançou um plano premium que dá uma série de benefícios adicionais (como um painel de controle dos pedidos para os restaurantes) e que já foi adotado por 30% dos usuários ativos. Os planos vão de R$ 30 a R$ 300, dependendo do número de pedidos mensais.
João Brandão, o gestor da Bridge One, diz que um dos fatores que o levou a investir na empresa são as linhas adicionais de receita que a Goomer pode criar. “Hoje eles já tem uma receita interessante, mas só de acrescentar alguns ‘triggers’, mesmo sem aumentar a base eles já conseguem multiplicar essa receita por 4.”
Agora, a Goomer vai integrar o pagamento direto na plataforma (para que o restaurante não tenha que enviar a maquininha com o motoboy), e oferecer soluções logísticas e de antecipação de recebíveis, ganhando um ‘take rate’ sobre essas operações.
Outro plano: lançar um produto que ajude o restaurante a reter o cliente e aumentar a conversão. Como tem dados sobre os clientes que compram na plataforma, a Goomer quer criar uma solução que envie ‘pushs’ com ofertas de descontos em momentos específicos da semana (por exemplo, num dia e horário de baixo fluxo).
A startup faturou R$ 5 milhões no ano passado e espera fechar este com receita de R$ 20 milhões.