As vendas das megastores da Hering no segundo trimestre estão 120% acima dos níveis de 2019 — aumentando a fé da companhia em seu turnaround no momento em que ela se prepara para a fusão com o Grupo Soma.
A taxa de crescimento das megastores — revelada ao Brazil Journal pelo CEO Thiago Hering — é uma aceleração em relação ao crescimento de 80% nas vendas das megastores que a Hering reportou no primeiro tri.
As megastores vão ajudar a margem da companhia: o custo em valores absolutos de uma megastore é basicamente o mesmo de uma loja tradicional, mas a receita é mais que o dobro.
“Além do volume maior e da receita, essas lojas oferecem a melhor tradução da nova experiência da marca,” disse Thiago.
No início deste mês, a Hering abriu sua mais nova megastore no Morumbi Shopping, com 522 m². Na entrada, um telão do piso ao teto. Dentro, um visual merchandising que sugere ao cliente como as peças da coleção podem compor looks para diferentes ocasiões.
E a Hering, que mais de 10 anos atrás só sabia fazer camisetas, agora está usando as megastores para jogar o holofote sobre suas linhas feminina, infantil e de roupa íntima — uma ampliação de portfólio que agora nitidamente ganhou foco.
Com este novo mix, serviços agregados e um ambiente convidativo, o cliente está ficando mais tempo na loja, gerando um tíquete médio 25% maior que o das lojas tradicionais e um NPS cinco pontos acima da média da rede — o que no varejo parece ser muita coisa.
A Hering está aproveitando o recuo de marcas como Forever 21, Saraiva, Luigi Bertolli e Siberian Husky para abrir as novas lojas — um sinal de que a destruição criativa está mudando a geografia dos shoppings.
A empresa espera encerrar o ano com 30 megalojas — 10 já estão em operação, 10 em implementação, e outras 10 na fase de planejamento — mas com o sucesso do formato, Thiago disse que a companhia já pensa em dobrar a base de megastores nos próximos anos.
A Hering já levou o conceito para Uberlândia, Ribeirão Preto e o Norte Shopping, o maior da zona norte do Rio. As obras já começaram no Parque Dom Pedro, em Campinas, e a companhia negocia espaços no Plaza Shopping Niterói, Rio Sul e Barra Shopping.
Além do novo formato, a Hering tem um guidance de 95 aberturas líquidas das lojas tradicionais para este ano. (A companhia começou o ano com cerca de 780 lojas.)
Nas megastores, os vendedores portam checkouts móveis, permitindo ao cliente pagar em qualquer lugar, sem ter que se dirigir ao caixa.
Provar a roupa também nunca mais será a mesma coisa.
Usando uma tecnologia que a Nike já usa nos EUA, a Hering implantou a leitura RFID dos produtos que entram no provador. Com isso, um tablet dentro da cabine mostra ao cliente outras cores da mesma peça, preços e dicas de produtos para combinar. É possível também chamar o vendedor sem precisar sair ou interromper a prova — só isso já faz valer essa matéria.
As lojas contam com serviços que misturam o físico e o digital — desde o chamado showrooming (um espaço onde o cliente tem acesso a modelos exclusivos do site ou numerações não disponíveis em loja) até um armário inteligente onde o consumidor pode pegar uma mercadoria que comprou pelo site sem precisar da ajuda dos vendedores.
Outras inovações incluem a customização de camisetas básicas na loja (um conceito em que a Reserva foi pioneira) e um lounge com Wi-Fi grátis e até estrutura para trabalhar.
Finalmente, parte do espaço da loja é um hub de distribuição, permitindo à loja fazer entregas no mesmo dia dentro de sua região primária.