Fundada por um grupo de brasileiros, a E-volving Brands está construindo nos Estados Unidos uma aceleradora de marcas independentes e digitais de beleza e bem-estar – as digitally native vertical brands (DNVBs) – apostando na velha máxima de que, na corrida do ouro, quem fica rico é quem vende a pá.

12048 e2ceb245 9666 cb4f d892 a8aa6a8689ee“Nosso caminho é construir o futuro do setor, e não tentar acertar os vencedores,” Marcos Lima, o CEO da empresa, disse ao Brazil Journal de seu escritório em Atlanta. “Vamos crescer junto com todo o mercado de marcas emergentes, independente de quem forem os vencedores.”

As DNVBs de beleza têm crescido nos últimos anos a um ritmo muito maior que as tradicionais, ganhando share de mercado.

A E-volving foi fundada há três anos com capital da VirtuEquity, a gestora de private equity onde Marcos é o managing partner. Depois de começar sua carreira em consultoria estratégica no Brasil e na Europa (BCG, Roland Berger e Gradus), Marcos trabalhou na área de M&A da Tupy e na Kraft Heinz nos EUA.

Desde que foi fundada, a E-volving já levantou outros R$ 200 milhões com investidores como o MontLacer, o family office de José Caetano Lacerda, fundador da GPS; o o multifamily office Turim; e o GHT4, de Guga Valente.

A E-volving opera com três modelos de negócio.

O primeiro – que responde por 85% da receita – é o de fornecer a infraestrutura manufatureira para as startups. A empresa tem três fábricas em Atlanta que fabricam os produtos de beleza e bem estar seguindo as especificações do cliente.

Ela atende, por exemplo, a Revive MD, uma marca de medicina regenerativa que já tem centenas de produtos; e a Steel Supplements, que tem 50 SKUs e fatura US$ 50 milhões.

Ao fornecer esse serviço, a E-volving evita que as startups tenham que bater na porta de um grande laboratório ou procurar um fabricante de private label.

“Esses laboratórios estão acostumados a atender grandes marcas e vão exigir um pedido mínimo para cada SKU, além de cobrar um custo de desenvolvimento para cada produto que pode chegar a US$ 500 mil,” disse ele.

Já as empresas de private label “têm um catálogo pronto, que é vendido igual para todos os clientes, o que mata a inovação.”

A E-volving adquiriu boa parte de sua capacidade fabril com a compra da NutraCap, uma empresa que era controlada por três famílias americanas. A empresa primeiro comprou a participação de dois sócios, e recentemente o terceiro, ficando com 100% do negócio.

A segunda vertical de negócios da E-volving é criar marcas proprietárias do zero – a companhia já tem cinco, cujo faturamento combinado tem um run rate de US$ 15 milhões. A maior delas é a Kerotin, uma linha de tratamento do cabelo vendida só pela internet.

A terceira frente é um modelo híbrido, no qual a E-volving pode fazer ofertas por marcas que hoje são clientes da empresa.

“Temos informações detalhadas sobre todas essas marcas que atendemos: sabemos o custo deles, as vendas, tudo, então é muito mais fácil pescar nesse nosso lago particular,” disse Marco. “Vamos buscar os clientes que têm mais potencial de crescer e comprar essas marcas.”

Por enquanto, a E-volving fez apenas uma transação nesse estilo: a compra da MyoBlox, uma marca de suplementos criada por um influenciador digital de esportes.

A marca estava chegando a US$ 2 milhões de receita, mas o empreendedor estava sofrendo para conseguir capital de giro, investir em marketing, e conseguir tocar a operação. A E-volving fez um acordo com o influenciador, levando a marca de graça em troca de transformá-lo no ‘influenciador-chefe’ da marca, ganhando uma comissão de 3% das vendas.

Para os próximos deals, Marcos diz que o objetivo é comprar as empresas pagando um desconto de pelo menos 40% em relação aos múltiplos de mercado, que giram em torno de 8,8x  EBITDA.

“Se a marca está dando prejuízo, no dia zero que a gente compra ela já passa para o breakeven só por ter acesso à nossa estrutura, que além da fábrica inclui a parte de marketing, branding e ecommerce.”

Com esses três modelos, a E-volving fez um run rate de US$ 100 milhões no mês passado.

O plano de Marcos é fazer um IPO da empresa nos EUA daqui a três anos. Até lá, ele estuda fazer uma nova rodada de capital ou alavancar um pouco a empresa, que até hoje nunca tomou dívida.