Os investidores sofreram no ano passado com a alta dos juros globais, a inflação persistente nos EUA, a guerra no coração da Europa e temores de uma recessão.
Mas para a Citadel, o ano não poderia ter sido melhor.
A companhia de Ken Griffin – um lendário investidor que começou a negociar ações em 1987 de seu dormitório em Harvard – teve resultados recordes em seus dois negócios: a gestora de hedge funds e a operação de market making.
Foi o melhor ano da empresa desde 2010.
Na gestora, que tem mais de US$ 60 bilhões em ativos, a Citadel fez uma receita líquida de US$ 28 bilhões no ano passado, com seu fundo flagship performando muito acima do benchmark.
O Wellington Fund teve um retorno de 38% no ano, em comparação a uma queda de 19% do S&P 500. O fundo de renda fixa também performou bem, com um retorno de 32%.
Já a Citadel Securities, que opera basicamente como um market maker (comprando e vendendo títulos para garantir que haja demanda e oferta no mercado), fez uma receita líquida de US$ 7,5 bilhões.
Para se ter ideia da relevância da Citadel Securities, ela é responsável por negociar 1 em cada 5 ações no mercado americano.
Quando ainda cursava economia em Harvard, Griffin levantou pouco mais de US$ 200 mil com sua avó e amigos para criar seu primeiro hedge fund. Para conseguir operar de seu dormitório, o jovem gestor teve que pedir autorização à universidade para instalar uma antena em seu quarto – algo proibido pelo estatuto – para conseguir monitorar as ações em tempo real.
Com o ótimo resultado do primeiro fundo, Griffin conseguiu levantar mais US$ 1 milhão de um famoso gestor da época, e entregou um retorno de 70% em um ano.
O resultado atraiu outras gestoras, que deram mais capital para Griffin criar a Citadel em 1990. A companhia – hoje um dos maiores hedge funds do mundo – nasceu com capital inicial de apenas US$ 4,2 milhões.
Com os resultados estelares deste ano, a empresa planeja construir um novo headquarters em Manhattan, segundo a Bloomberg.
A Citadel – que recentemente mudou sua sede de Chicago para Miami – tem planos de construir um prédio de 411 metros de altura e 51 andares no coração de Nova York.
Segundo a Bloomberg, o prédio será um dos maiores da cidade, com praticamente a mesma altura da torre que o JP Morgan está construindo em Midtown para abrigar sua nova sede. A Citadel pretende ocupar 54% do prédio e alugar o restante. A expectativa é que o prédio fique pronto apenas em 2032.
Mas a liquidez é tanta que ainda sobrou dinheiro para levar a empresa toda para ver o Mickey. No mês passado, Griffin fechou o parque da Disney em Orlando por três dias para seus 10.000 funcionários. Era a festa de 30 anos da firma. Quem nunca?