A Caju começou dois anos atrás com um diagnóstico simples: o mundo dos benefícios corporativos está parado no tempo.
“O RH gasta muito em benefícios, mas a forma como as coisas são feitas não muda há décadas,” o fundador Eduardo del Giglio disse ao Brazil Journal. “Por que muitas empresas só dão os vales alimentação e refeição — e não outras categorias? É pelo trabalho que isso dá. É um trabalho operacional, de planilha, feito ali na mão. A gente precisava simplificar esse processo e botar a decisão de gasto na mão do colaborador.”
Eduardo e Renan Mendes, o CTO e co-fundador da empresa, plantaram esse Caju — um cartão que concentra todos os benefícios e permite ao usuário realocar os recursos de um benefício para outro usando o app da empresa. O benefício pode ser usado em alimentação, refeição, mobilidade, cultura, saúde e educação.
Com esse UX descomplicado, a startup floresceu.
Um ano atrás, no olho do furacão da pandemia, a Caju atendia 15 mil funcionários de 400 empresas. De lá pra cá, o número de funcionários atendidos multiplicou por mais de 10, e a Caju já atende milhares de empresas e em todos os estados do Brasil — de startups como Mercado Bitcoin, Gympass e Olist até nomes da velha economia como Armac e a Bemol, uma grande varejista do Amazonas.
Agora, a Caju quer deixar de ser apenas um player de benefícios para prover outros serviços para as empresas e seus funcionários.
A startup acaba de levantar US$ 8 milhões (R$ 45 milhões) numa rodada Série A liderada pela Valor Capital e Caravela Capital e co-liderada pela Volpe, do ex-executivo do Softbank, André Maciel.
Também participaram a Picus Capital, de Alex Samwer — um dos três irmãos fundadores da Rocket Internet, a incubadora alemã — a FJ Labs, e a Clocktower Technology Ventures, um VC da Califórnia que investe apenas em fintechs.
Nos próximos meses, além de receber seu cartão de benefícios, o funcionário da empresa que adota a Caju poderá ter acesso a produtos como seguro de vida, previdência, adiantamento de salário, consignado, e outras soluções para o RH.
Na prática, a Caju está aumentando as formas de monetização de um canal que já ganhou a simpatia dos usuários. Em média, as pessoas abrem o Caju quatro vezes por semana.
A forma de oferecer os produtos ainda está sendo formatada — e a rodada vai permitir construir as novas ofertas, contratando times de tecnologia e design. Além disso, a empresa vai começar a investir em marketing; até hoje, o produto cresceu apenas com o boca a boca dos clientes.
O produto mais avançado é o seguro de vida corporativo, que a Caju começou a oferecer em junho por meio de um acordo com a 180s, uma corretora online que trabalha com diversas seguradoras. A Caju escolheu a Zurich.
“Apesar de a Caju ser usada pelo usuário final, nosso produto é B2B,” diz Eduardo del Giglio, “Temos que mostrar para as empresas o quão mais barato e mais eficiente nosso seguro pode ser.”
A Caju ainda está avaliando se oferece produto de previdência numa modalidade de marketplace ou em parceria com uma gestora.
Um ano atrás, o volume transacionado da Caju — benefícios carregados e gastos via Caju — estava em R$ 120 milhões. No final deste ano, Eduardo estima que o número terá crescido para R$ 1,5 bilhão.
Num mercado ainda dominado pelas quatro grandes — Alelo, Sodexo, Ticket e VR — a Caju acha que vai ganhar a briga porque é a ferramenta que mais empodera o cliente final, uma ideia cujo tempo finalmente chegou.
“Antigamente você entrava na empresa e as coisas eram o que eram: você não podia escolher nada. Hoje, o colaborador tem uma voz gigante: você muda de emprego por causa dos benefícios e pode pedir à empresa para mudar.”