NOVA YORK — Na última semana, a publicitária carioca Suzana Apelbaum viveu dois momentos carregados de emoção.

Head de Criação do Google de Nova York, onde trabalha desde 2014, ela foi eleita para uma das 50 cadeiras da Academia Brasileira de Marketing (Abramark). Segundo os membros, seu nome foi apontado “pelo ser humano que ela é, e pela consistência e qualidade de sua carreira no correr de duas décadas.”

11734 52d47b39 4393 9049 1f61 5d233b67ad84Seu time de 14 Googlers, que a chama de Su,  elabora narrativas para marcas clientes, por meio do que chamam de “efetividade criativa,” utilizando dados e tecnologias.

Além de Suzana, foram eleitos para a Academia o publicitário Roberto Duailibi e os executivos José Salibi Neto, Alexandre Hohagen e Fabio Madia.

Suzana passa a ser uma das seis mulheres da Academia, e a mais nova entre elas, figurando ao lado de Luiza Helena Trajano, Viviane Senna, Chieko Aoki, Amália Sina, e Cristiana Arcangeli. Uma minoria esmagadora.

“Esta indicação foi o reconhecimento de cada semente que deixei por onde trabalhei. É no Brasil que tenho as melhores recordações da minha trajetória”, Suzana disse ao Brazil Journal.

Ela foi uma das primeiras diretoras de criação brasileiras a deixar o mundo das agências de publicidade e migrar, ainda na década de 90, para empresas de tecnologia.

“Para o Google, nós, criativos sêniores, somos o ‘secret weapon’ da empresa para ajudar nossos clientes — marcas e suas agências de publicidade — a pensarem digitalmente,” diz.

“Em 2014, éramos apenas cinco publicitários contratados pelo Google, ainda sem saber ao certo como a empresa usaria nossa expertise — mas os líderes já estavam mirando lá na frente,” diz ela, que desde então atuou em tecnologias para brand storytelling e inovações em conteúdo para YouTube.

Suzana coleciona mais de 20 prêmios internacionais, um portfólio recheado de marcas globais, e frequentemente palestra para audiências no Brasil e nos EUA, em auditórios que chegam a ter três mil pessoas.

Ela se mudou para Nova York em 2010 e passou por três agências antes de ingressar no Google. No Brasil, fundou a Hello Interactive, do grupo ABC, e foi diretora de criação da JWT, AgênciaClick e África. Seu dedo digital ajudou a África a abocanhar um prêmio de interatividade em Cannes.

Trabalhando de casa desde março de 2020, a publicitária caiu em lágrimas ao voltar ao escritório em Manhattan esta semana. “Os americanos não se abraçam muito, mas os abraços não tiveram fim,” disse.

Sobre a mesa, ainda estava um desenho feito pelo seu filho, hoje com cinco anos, e um cartão escrito à mão que recebeu de um colega no seu aniversário de 2019: “Feliz Aniversário, Su. Obrigada por liderar com o seu coração e nos encorajar a sermos apaixonados pelo que fazemos”.

A Academia Brasileira de Marketing nasceu em 2004 sob a liderança de Francisco Madia de Souza, executivo e autor de mais de 30 livros, entre eles “Os 50 Mandamentos do Marketing,” vencedor do prêmio Jabuti.

Ao criar a Academia, Madia se inspirou nos ensinamentos de Peter Drucker (1909-2005), o guru austro-americano que deixou sua marca nos conceitos de administração moderna, gestão e liderança. A Abramark manteve 40 cadeiras até 2020, quando foram adicionadas outras 10 para incluir profissionais que atuam na área digital.

As eleições acontecem quando há o falecimento de alguns de seus membros. As indicações vêm dos acadêmicos e são votadas pelos demais.