A Natural One, a líder em sucos naturais no Brasil, acaba de fechar um acordo com a Kraft Heinz para levar seus produtos para o Canadá – um movimento que faz parte do plano da empresa de ter mais da metade de suas receitas vindo do exterior.

A Natural One faturou R$ 570 milhões ano passado, com 25% da receita vindo de suas exportações para 15 países, incluindo a China, Singapura, Malásia e Hong Kong. A meta é passar de 50% já em 2025.

“Temos o sonho de ser uma marca global de bebidas, com um portfólio que vá além dos sucos,” o general manager internacional da Natural One, Rafael Catolé, disse ao Brazil Journal. A empresa estima chegar a um faturamento de R$ 1 bilhão no final do ano que vem, uma escala suficiente para um IPO.

No Canadá, a Natural One espera entrar em até 3 mil pontos de venda já no primeiro ano, de um mercado endereçável de 5 mil que considera apenas lojas com um posicionamento premium.

A expectativa é vender entre 8 milhões e 10 milhões de litros, um valor significativo para o volume total da empresa, que no ano passado vendeu 102 milhões de litros em todo o mundo.

Pelos termos do acordo, a Natural One vai vender os sucos para a gigante global, que revenderá os produtos no Canadá com uma margem, cuidando de toda a distribuição e gestão das vendas.

Apesar do Canadá já ser um mercado competitivo, a Natural One planeja se diferenciar com sabores tropicais que dificilmente se encontram nesses países.

“Achamos que vamos conseguir explorar muito bem esse vácuo de sabores tropicais, com sucos de manga, laranja com acerola, goiaba, pink lemonade,” disse o executivo. “São sabores que eles não têm lá e que são um ‘mind blowing’ pra eles.”

A Natural One tem planos de entrar já este ano nos Estados Unidos e no México e a Kraft pode ser um parceiro natural para a expansão nos EUA.

A Natural One foi fundada em 2012 por Ricardo Ermírio de Moraes, um dos herdeiros do Grupo Votorantim. Mas o portfólio nem sempre foi saudável: nos primeiros dois anos, ela vendia drinks de bebidas alcoólicas misturadas com sucos.

Dois anos depois, a empresa ‘pivotou’ para o modelo atual, começando pelo suco de laranja. Hoje, o portfólio tem 16 produtos, com um shelf life de oito meses em média.

Um dos grandes diferenciais da empresa é o sourcing. A Natural One não é exatamente verticalizada, mas a família Ermírio de Moraes é dona da Citrosuco, a maior produtora de laranja do mundo, com um market share de mais de 30%.

A Natural One também internalizou parte do processo produtivo.

Enquanto a maioria dos fabricantes de sucos compra a fruta já espremida, a Natural One investiu R$ 7 milhões para criar uma planta de extração.

Hoje, mais de 40% de todo o volume que ela vende é espremido dentro de casa – o que reduz a dependência dos fornecedores e gera um benefício de custos.

Ricardo tem 51% do capital da empresa; o outro acionista é a Gávea Investimentos, que comprou 49,9% da empresa em 2017.