O agronegócio passou por uma verdadeira revolução nas últimas décadas. Deixou no passado a imagem atrelada ao distanciamento dos grandes centros, consolidando-se como uma potência em inovação. Hoje, o agro é responsável por um quarto do PIB brasileiro e atesta o protagonismo do País quando o assunto é produção de alimentos.

O crescimento acelerado do campo pode ser explicado por fatores como a profissionalização das propriedades rurais e a introdução de novas tecnologias. Mas não é só isso: outro ingrediente essencial para o agronegócio é o trabalho em família.

Diferente de outros segmentos, o agro é a uma atividade econômica com forte presença de grupos familiares. Ao mesmo tempo em que essa configuração de negócio representa uma fortaleza para os empreendimentos, ela também pode ser um desafio à perpetuação deles.

A adversidade está, quase sempre, na chegada das novas gerações ao negócio, que trazem diferentes visões, interesses e podem impactar diretamente no dia a dia das propriedades agrícolas.

A função primordial do planejamento patrimonial e sucessório é atuar justamente neste contexto. É essencial que os diferentes aspectos da organização sejam endereçados juridicamente, a fim de garantir a preservação do patrimônio, das tradições e das relações familiares.

Segundo o superintendente executivo de wealth planning do Bradesco Global Private Bank, Márcio Renato Ribeiro, o planejamento sucessório tem um elemento subjetivo muito valioso: a manutenção da unidade familiar.

Para Ribeiro, uma divergência de entendimento, por exemplo, pode ocorrer por falta de um alinhamento prévio que estabeleça regras claras, justas e bem construídas – e isso pode gerar ruídos entre os familiares com consequências patrimoniais muito negativas.

“O planejamento mitiga esse risco pois são criadas diretrizes para conduzir os pontos de discordância, facilitando as transições e orientando as decisões em família,” disse Ribeiro.

O Bradesco Global Private Bank possui uma equipe dedicada ao aconselhamento voltado para o planejamento patrimonial dos seus clientes, propondo sugestões personalizadas com foco na otimização do patrimônio e do planejamento sucessório.

As particularidades do planejamento sucessório no agro

As formas como a propriedade e o exercício da atividade rural são estruturadas estão entre as principais especificidades do planejamento patrimonial e sucessório no agronegócio.

Para Poliana Simas, a especialista em wealth planning do Bradesco Global Private Bank a questão tributária é um ponto muito importante na hora da estruturação.

Segundo ela, em um contexto de planejamento, é preciso avaliar o cenário como um todo, para saber o que é mais vantajoso para a família e para a longevidade do negócio.

Por isso, o banco analisa desde a configuração societária decorrente do direito de propriedade de cada membro da família, até a melhor forma para desempenhar a produção, seja por meio da pessoa física ou jurídica.

“Não existe uma receita pronta, é necessário aprofundar caso a caso e investigar o passado e o futuro do negócio familiar,” disse Poliana.

A transmissão do patrimônio rural também é cheia de desafios.

É muito comum que o patriarca ou matriarca tenha mais de uma propriedade em diferentes regiões do Brasil. A divisão dos bens em si pode trazer conflitos, seja por conta da difícil precificação no valor de mercado do imóvel rural, seja em função dos tributos e custos a serem pagos pelos herdeiros no processo de inventário, principalmente em um cenário de ausência de liquidez.

A analista de wealth planning do Bradesco Global Private Bank, Caroline Costa, disse que em um contexto como esse é importante lembrar do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) – um tributo estadual que incide sobre o valor de mercado dos ativos transmitidos no momento da doação ou sucessão.

Segundo ela, a complexidade no agronegócio se dá pois, dentre outros fatores, tanto a alíquota aplicável quanto os critérios de avaliação para definição do valor de mercado variam de acordo com o estado em que a propriedade rural se encontra.

“É papel do nosso time de wealth planning munir as famílias com essas informações, e trazer sugestões que facilitem a sucessão nesses cenários, notadamente para que as futuras gerações possam fazer frente aos custos elevados inerentes ao inventário de forma bem planejada,” disse a analista.

Por isso, a perpetuação do negócio passa pela profissionalização.

O planejamento patrimonial e sucessório também permite preservar o legado das gerações anteriores dando espaço para que as novas realizem seus sonhos.

Para Poliana, a especialista em wealth planning, o agro tem uma característica de perpetuidade que não se repete de forma tão intensa em outras atividades. No entanto, uma das barreiras enfrentadas pelas famílias dedicadas à atividade é a atratividade do campo para as próximas gerações.

“Muitos sucessores acabam optando por migrar para outras áreas de atuação ou partindo para as grandes cidades e até para outros países,” disse Poliana.

Mas uma governança robusta e bem estruturada permite lidar com essas e outras situações de forma organizada, trazendo mecanismos que definam regras claras de saída e de conduta, segundo Ribeiro.

“Quando o negócio e as relações familiares vão bem, é provável que os sucessores voltem a ele depois de um tempo, trazendo para o campo todo o conhecimento adquirido em sua atuação em outros mercados,” diz o superintendente.

Mas Ribeiro atenta que um dos possíveis caminhos a serem avaliados na sucessão é a profissionalização do negócio.

“Nesse caso, fica reservado à família uma atuação mais estratégica, como acionistas, bem-preparados para ocupar essa posição e lidar com as responsabilidades que a propriedade confere, ou ainda no Conselho, direcionando os rumos da empresa familiar,” disse ele.

A preparação dos sucessores para o futuro

Estar à frente de um negócio exige visão holística e habilidades comportamentais. O Bradesco Global Private Bank disponibiliza para seus clientes trilhas de aprendizado focadas nas novas gerações.

“As trilhas contam com diversos módulos de conteúdo, com carga horária estruturada em maior ou menor intensidade, e incluem temas como educação financeira, governança familiar e corporativa, preparação de sucessores, além de eventos setoriais, como o Agroday, que proporciona uma imersão estratégica em temas relevantes para o ecossistema do agronegócio pensando em sucessão, gestão e inovação,” explica Marcio Renato.

Outra iniciativa que contribui para a formação das novas gerações são os espaços para interação entre membros de famílias de diferentes regiões brasileiras.

Além de viabilizar o intercâmbio de ideias, as conexões criadas nesses encontros servem como uma importante rede de apoio para os sucessores.

“Vemos que o futuro, a perpetuação e, claro, o sucesso do agronegócio representam também o sucesso do nosso País,” disse Poliana.

 

Siga o Brazil Journal no Instagram

Seguir