Empresas diversas entregam duas vezes mais resultados, de acordo com pesquisas da McKinsey.

As pessoas que enxergam sua organização como inclusiva também apresentam três vezes mais chances de permanecer na companhia e de recomendá-la a outros profissionais. Ganham os negócios, os talentos e toda a sociedade.

No setor da mineração, em que menos de 20% da força de trabalho no Brasil é composta de talentos femininos, incluir mais mulheres nos quadros é um dos desafios de diversidade. Para mudar esse panorama, nos últimos anos, a Vale iniciou uma grande jornada, declarando metas e implementando programas de qualificação, seleção e mentoria, entre outros.

“A diversidade é uma alavanca poderosa, que foi e tem sido um vetor fundamental para a transformação da companhia,” diz Marina Quental, vice-presidente de pessoas da Vale, ao McKinsey Talks, no mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher. “Transformar diversidade e inclusão em um case de negócio é um desafio e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade,” acrescenta Fernanda Mayol, sócia da McKinsey no Rio de Janeiro e líder da prática de pessoas, organização e performance no Brasil.

Confira a seguir os destaques desta conversa e assista ao episódio completo do McKinsey Talks.

A transformação de uma empresa não é algo trivial. De onde partiu a decisão de embarcar em uma mudança cultural e como a diversidade se mostrou um pilar fundamental para a Vale?

Marina Quental: Estava claro que era preciso fomentar na organização um debate em que todos fossem ouvidos. A diversidade é uma alavanca poderosa, que foi e tem sido um vetor fundamental para a transformação da companhia.

Mas não há diversidade sem inclusão: o ambiente tem de ser propício. É um círculo virtuoso que você vai criando. Você dá luz aos diversos grupos que se tem na organização, começa a trazer gente de fora, reforça as representatividades demográficas, de gênero e raciais. Você assume um compromisso público sobre esse tema e tem a obrigação de demonstrar como isso se torna realidade.

Quais foram os fatores-chave dessa transformação?

Marina Quental: Aprendi que a inclusão tem dois aspectos: estrutural e comportamental. Na questão comportamental, é mudar o mindset. Esse é um trabalho de todos e bastante intenso para se realizar. Você está mexendo no status quo.

Já na inclusão estrutural, você precisa mexer nos sistemas e processos organizacionais, ter uma política, declarar metas. Em 2019, estabelecemos o compromisso de dobrar, em dez anos, os 13% de mulheres que a companhia tinha. Vamos conseguir fazer isso em cinco anos. Fizemos um programa de contratação 100% feminino. Há outro em que a gente capacita por um ano mulheres que não têm formação em mineração.

Em 2020, incluímos a meta de diversidade na remuneração variável de todos os colaboradores. Alguns argumentaram que não eram líderes e não tinham poder, mas todos têm um poder enorme, o ambiente não é feito só pelas lideranças. Isso também foi parte do sucesso, assim como a meta que colocamos de acelerar a questão da população negra em cargos de liderança.

Que tipo de desafios as empresas ainda encontram na jornada da diversidade e da inclusão?

Fernanda Mayol: Transformar diversidade e inclusão em um case de negócio é um desafio e, ao mesmo tempo, uma superoportunidade, pois há um grande benefício econômico e para a sociedade. É preciso alinhar as metas de diversidade com o case para que isso permeie a organização e a transforme. Outra questão são os processos de contratação e promoção, como fazer isso eliminando os vieses que existem na organização.

Recentemente, ainda, um tema que surgiu com força é a inteligência artificial. Há um lado de oportunidade. Por outro lado, existem ameaças, como o reforço de vieses. E há toda uma questão de como você capacita a força de trabalho para que lide com esse tipo de tecnologia. O importante é haver sempre transparência nos processos e uma liderança inclusiva, criando esse ambiente inclusivo, combatendo as microagressões e fomentando essa conectividade e o senso de propósito entre todas as pessoas.

Quais são os próximos passos da Vale nesse tema?

Marina Quental: Seguir melhorando os números e trabalhar muito a inclusão, contando inclusive com parcerias, porque nós não somos uma ilha isolada. Temos vários parceiros, comunidades e outras empresas. Você aprende, trabalha junto, o resultado é muito bacana.

É notável o nível de engajamento que há no ambiente de trabalho quando ele é plural e as pessoas têm suas vozes ouvidas. A pluralidade humana é capaz de transformar um ambiente, trazer leveza e soluções que você não poderia imaginar que estavam ali. Isso é uma coisa muito linda que apareceu na Vale.

Assista ao episódio completo do McKinsey Talks com Marina Quental e Fernanda Mayol.

Mulheres, Diversidade & Inclusão nos Negócios é tema de um Action Council do B20, grupo de engajamento que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20. A McKinsey é knowledge partner nessa frente de trabalho.

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