A Azul anunciou um acordo com arrendadores de seus aviões para esticar sua dívida para 2030, afastando o risco de uma recuperação judicial que era o grande temor do mercado.
O acordo, que contempla 90% das dívidas da empresa com leasing de aeronaves, vai gerar uma economia de caixa de R$ 3 bilhões só este ano, segundo o CFO Alex Malfitani. Os arrendadores por sua vez representam 80% da dívida bruta da companhia aérea.
A ação da companhia aérea controlada por David Neeleman sobe 26% no fim da manhã, depois do acordo – e acelerou para 55% no início da tarde.
Com o acordo, a Azul vai atingir o breakeven este ano, algo que era previsto somente para 2024, disse o CFO. No ano que vem, a expectativa é voltar a gerar caixa.
“As preocupações do mercado com a sustentabilidade da empresa estão eliminadas e todos os boatos estão resolvidos,” Malfitani disse ao Brazil Journal. “O mercado estava incerto se teríamos apoio dos lessors e mostramos que temos.”
Em troca de estender o pagamento da dívida e diminuir o valor pago pela Azul – a empresa estava sob pressão dado o aumento do dólar – os arrendadores vão receber títulos de dívida negociáveis com vencimento em 2030, além de ações “precificadas de forma a refletir a nova geração de caixa da Azul.”
A grande dúvida do mercado agora é quanto esse pagamento por meio de equity vai representar em diluição.
Segundo Malfitani, a diluição não será grande porque foi acordado um preço para o pagamento dos lessors em 2030 a um múltiplo de 8x EBITDA. Hoje, a empresa negocia a metade disso.
“Se eliminarmos as questões de estresse, o mercado já acredita que vamos dar R$ 5 bilhões de EBITDA neste ano. Isso já daria um valor de mercado de R$ 40 bilhões,” disse.
O executivo disse que as negociações continuam com os arrendadores restantes e os fabricantes de peças, e que novos acordos ainda devem ser anunciados.