Nem na lista de credores da Americanas se pode mais confiar.
No quadro geral divulgado hoje cedo pela companhia, alguns nomes e números chamaram a atenção do mercado.
O maior credor da varejista seria o Deutsche Bank com R$ 5,2 bilhões em dívidas, seguido pelo Bradesco (R$ 4,8 bilhões), Santander (R$ 3,65 bi), BTG (R$ 3,51 bi) e Banco BV (com R$ 3,3 bi).
Na sequência viria o Itaú com R$ 2,89 bilhões e o Safra com R$ 2,51 bilhões.
Alguns números, no entanto, não são exatamente o que parecem. O BV, por exemplo, disse que “o quadro geral de credores apresentado pela Americanas não reflete a sua real exposição.”
O comunicado, assinado pelo CFO Ronaldo Medrado, diz que em 11 de janeiro, quando o fato relevante da Americanas foi divulgado, o BV “era credor de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) devidas pela Americanas com saldo devedor de aproximadamente R$ 206 milhões” – uma cifra que é menos de 10% do valor divulgado pela companhia.
O banco disse ainda que “conforme contrato de compensação, as CCBs foram integralmente liquidadas com aplicações de titularidade da Americanas junto ao Banco BV.”
Como os depósitos da Americanas no BV excedem o valor da dívida, o banco está tentando na Justiça assegurar seu direito de compensar um valor contra o outro, assim como no caso do BTG.
Uma fonte próxima ao BV disse que os R$ 3,3 bilhões se referem a uma dívida estruturada pela área de DCM do banco, mas que foi distribuída a alguns fundos de investimentos antes da revelação da fraude contábil.
“Em nenhum momento essa exposição passou pelo balanço do BV,” disse essa pessoa. “O que o banco tem de exposição é só esses R$ 206 milhões em CCB.”
A Americanas disse ao Brazil Journal que o BV até o momento não informou a companhia sobre a distribuição da dívida. “Eles deverão em algum momento enviar nomes e CNPJs para que isso conste na lista quando o administrador judicial protocolar o quadro de credores,” disse um porta-voz da empresa.
A exposição do Deutsche Bank – R$ 5,2 bilhões – também chamou a atenção, dado que o banco sequer havia sido mencionado desde que a fraude explodiu.
O Deutsche veio a público dizer que é apenas o trustee (agente fiduciário) de dois bonds emitidos pela companhia no exterior. Em outras palavras: o pepino não pertence ao banco, mas sim a investidores que compraram esses bonds. Como trustee, o Deutsche apenas mantém os títulos em seu poder.