Analistas esperam mais um trimestre de execução robusta quando o Mercado Livre reportar seu quarto tri no final de fevereiro, num momento em que os investidores focam na redistribuição do share de ecommerce depois da fraude na Americanas.
A Goldman Sachs está projetando um crescimento de GMV (na moeda local) de 17% no Brasil, 22% no México e 99% na Argentina (em linha com a inflação de 95% dos vizinhos), além de um crescimento de 40% na receita consolidada.
“Ainda que a gente acredite que as expectativas de GMV já estão amplamente precificadas, dada a acurácia das estimativas de provedores de dados do setor, esperamos que os investidores reajam positivamente aos sinais de contínua outperformance em comparação a outros players listados,” escreveu a analista Irma Sgarz.
Segundo ela, a expectativa no mercado é que o setor de ecommerce (excluindo MELI e Shopee) tenha contraído a uma taxa de ‘mid-single digit’ no quarto tri.
A Goldman espera que o take rate do ecommerce do MELI expanda 0,28 ponto para 17,3%, impulsionado em partes por uma maior penetração da vertical de publicidade na base.
A analista também espera que a margem operacional seja um dos principais destaques do trimestre. A Goldman projeta 6,1% no período, um ganho de 5 pontos percentuais na comparação anual.
“O aumento deve vir de uma melhora na margem bruta, nas vendas e marketing e no G&A, mas será ligeiramente compensado por despesas maiores com desenvolvimento de produto e provisões,” diz o relatório.
Na parte de crédito, o banco disse que espera que o NPL de 90 dias aumente (por conta do amadurecimento das safras passadas) mas que os novos ‘cohorts’ já tragam uma melhora na qualidade — “preparando o terreno para um potencial aumento nas originações a partir de meados deste ano.”
A analista também tentou estimar o quanto de ganho de market share o mercado está precificando para o MELI.
Desde que a Americanas anunciou sua fraude contábil, a ação do MELI subiu 17%, comparado a uma alta de 4% no Nasdaq 100 e de 10% no ARKK, o ETF de inovação de Cathie Wood.
“Se assumirmos que toda a outperformance é por conta de ganhos de share potenciais, isso significa que o mercado está esperando um aumento de 15% no GMV do MELI em 2023.”
Para o Magazine Luiza, a Goldman acha que os ganhos de share pela RJ da Americanas já estão precificados.
A ação já subiu 33% desde o dia 11 de janeiro, frente uma queda de 1% do Ibovespa. Usando as mesmas premissas, isso representaria um ganho de 20% no GMV esperado para este ano.
O Mercado Livre negocia hoje ao redor de US$ 1.100. A Goldman tem um preço-alvo de US$ 1.520. A companhia vale US$ 55,5 bilhões na Nasdaq.