Com a Americanas entrando em recuperação judicial, o mercado está tentando estimar os impactos para o setor — especialmente para as outras varejistas listadas (Magazine Luiza, Via Varejo e Mercado Livre).
Num relatório publicado hoje, o Citi estima o ganho potencial para as três concorrentes. Para efeito da análise, o banco usa dados da SimilarWeb e assume que todo o tráfego de clientes da Americanas migre para outros players.
A conclusão: o maior beneficiário em termos absolutos seria o Mercado Livre, mas, em termos percentuais, o Magalu teria o maior ganho de GMV.
“Esperamos que o GMV online da Magazine Luiza cresça 18%, seguido pela Via Varejo (+15%) e pelo Mercado Livre (+11%),” escreveram os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo.
Para chegar nesses números, o Citi mediu o overlap de tráfego entre a Americanas e os outros três varejistas. O maior overlap é com o Mercado Livre, que compartilha 78,5% de sua audiência com a Americanas, seguido pelo Magalu (58,4%) e pela Via Varejo (37,2%).
Na visão dos analistas, se a Americanas saísse do ar o mais natural seria o cliente que já compra nos dois sites passar a gastar no MELI.
“O ganho em termos percentuais do MELI é menor porque ele é muito grande hoje, então essa migração não representa tanto para ele, mas em termos absolutos ele seria o maior beneficiário,” escreveram os analistas.
O Citi também fez uma distinção entre o GMV do 1P e 3P. Nas estimativas do banco, o Mercado Livre capturaria a maior parte do GMV do 3P. O GMV do 1P, no entanto, iria principalmente para o Magalu; o MELI não tem 1P.
Quanto ao varejo físico, o Citi disse ser difícil prever o impacto porque “o mercado é muito mais fragmentado e o negócio da Americanas endereça uma quantidade muito maior de players, que incluem varejistas de eletrônicos, produtos para casa, comida, bebidas e até moda.”
Do fechamento no dia 11, quando a Americanas revelou sua bomba, até hoje, o Magalu sobe 22% e o MELI, 18% — enquanto a Via Varejo cai 14%. Neste mesmo período, o índice Bovespa ficou de lado.