O Bradesco BBI reduziu suas projeções para o preço da energia elétrica no curto e médio prazo, prevendo que a oferta vai ultrapassar a demanda entre 10% e 12% de agora até 2027.

O banco disse que depois de uma década de racionamento energético por conta dos riscos de uma hidrologia fraca, no início deste ano “começamos a debater uma potencial sobreoferta.”

Os três motivos por trás dessa mudança são a construção excessiva de usinas eólicas e solares, e de placas solares residenciais para geração distribuída por conta de subsídios “generosos demais”; a contratação de novas térmicas inflexíveis; e o crescimento fraco da demanda, que deve aumentar apenas 1% no ano que vem e 2,5% nos anos seguintes, na projeção do Bradesco. 

Por fim, a melhora das chuvas levou a um aumento significativo dos reservatórios, que estão hoje em 52% da capacidade em comparação a 27% no ano passado. 

Nesse cenário, o Bradesco reduziu sua projeção para o preço da energia para R$ 100/MWh em 2023 (contra R$ 140 na projeção anterior) e R$ 130/MWh em 2024 (contra R$ 150 antes). 

A projeção para o longo prazo se manteve em R$ 150/MWh.

“A sobreoferta e os preços mais baixos afetam principalmente a Eletrobras e a AES Brasil, já que elas são as geradoras que têm a maior quantidade de capacidade ainda não contratada,” escreveu o analista Francisco Navarrete. “Isso também afeta a Eneva, já que o despacho de suas térmicas em Parnaíba pode ser baixo por um bom tempo.”

Para o banco, as empresas que devem se sair melhor nesse cenário são Energisa, CPFL, Equatorial, Copel e Neoenergia. O Bradesco também notou que, antecipando esse cenário, a Auren fechou no segundo tri contratos que a deixam praticamente completamente contratada até 2025. 

No relatório, o Bradesco rebaixou Eneva e Cemig de compra para neutro, e deu um upgrade em Copel para compra, citando a possível privatização.

O banco manteve Eletrobras como compra apesar dos impactos da sobreoferta, já que os impactos positivos do turnaround pós-privatização devem compensar esse impacto negativo.

“A Eletrobras tem a maior quantidade de capacidade não contratada, 30% em 2023 e 53% em 2024, tornando-a uma das geradoras mais expostas à queda nos preços,” escreveu o analista. “No entanto, depois de revisar nossas projeções, ainda chegamos a um preço-justo de R$ 67 para a ação, implicando um upside robusto de 57%.”