A Bemobi acaba de lançar uma plataforma de assinatura de jogos mobile por streaming, uma aposta na popularização da conexão 5G no País.
Pelo menos 60 jogos já estão disponíveis, e outros serão adicionados a cada mês.
“Fomos muito vocais na nossa estratégia de nos tornarmos uma fintech, mas não esquecemos o nosso negócio original”, o CEO Pedro Ripper disse ao Brazil Journal. “Em dois ou três anos, o streaming pode representar praticamente todo o faturamento do segmento de jogos dentro da empresa.”
Quando a Bemobi abriu seu capital, há quase dois anos, 80% da sua receita vinha da distribuição de games e aplicativos – hoje, esse número é de 35% (com viés de queda por causa do crescimento das outras áreas).
A Bemobi adquiriu empresas de pagamentos para oferecer serviço de pagamentos e microfinanças nas operadoras de telecom e, em agosto, entrou nas distribuidoras de energia elétrica com o mesmo tipo de solução.
Agora, o lançamento de games por streaming marca a entrada da empresa num terreno que muitos gigantes estão tentando desbravar. Empresas como a Microsoft e Sony, por exemplo, têm serviços vinculados aos seus consoles – Xbox e PlayStation, respectivamente – e que necessitam de download.
Outras empresas, como Alphabet, Apple e Nvidia, decidiram apostar no mobile, mas apenas a fabricante de placas de vídeo tem conseguido avançar substancialmente.
A diferença da Bemobi para as outras, segundo Ripper, é que o foco continuará sendo nas classes D e E dos mais de 40 países em que ela atua.
O preço médio de assinatura dos jogos é de cerca de R$ 1 por mês – com a Bemobi recebendo cerca de R$ 0,35. O serviço de streaming ajuda o usuário que tem um celular mais barato, com pouco espaço de armazenamento.
Segundo Ripper, a missão de criar uma boa experiência de streaming para o usuário de jogos é bem mais difícil do que os segmentos de vídeo e de música.
Isso porque, ao contrário de serviços como o Netflix e o Spotify, os jogos dependem de uma resposta rápida aos comandos – e isso pode definir o sucesso ou o fracasso de uma partida – e de uma assinatura.
Hoje, a receita da companhia na área de jogos vem de parcerias com as operadoras e com o Banco Inter, mas o CEO disse que já há negociações com outros dois bancos e uma varejista para o serviço de streaming.
A Bemobi perdeu 35% do seu valor de mercado desde o IPO e hoje vale R$ 1,3 bilhão na Bolsa.
Para Ripper, os investidores não deveriam colocar a empresa na mesma cesta que outras companhias de tecnologia – dado que ela é lucrativa e gera caixa. No terceiro trimestre, a Bemobi teve lucro líquido ajustado de R$ 40 milhões, 74% acima do mesmo período do ano anterior. A receita avançou 87% na comparação anual para R$ 141 milhões.
“Poucas empresas estão em situação como a gente. Nós dobramos de tamanho desde o IPO e mantemos a nossa posição de caixa. Então, nós dobramos de fato,” disse o CEO.