O ministro Paulo Guedes indicou Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – um nome de reconhecida competência técnica capaz de conquistar os apoios regionais para a eleição do dia 20 de novembro.
Apesar de ser um dos maiores acionistas do BID, o Brasil nunca emplacou o presidente da instituição desde a sua criação há mais de 50 anos.
A candidatura começou a ser construída na última semana, durante a reunião semestral conjunta do FMI e do Banco Mundial em Washington. Guedes tratou do assunto com a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, que, de acordo com fontes do governo brasileiro, reagiu positivamente à indicação.
Os Estados Unidos são o maior acionista do BID, e o voto favorável do governo americano é essencial para que uma candidatura seja vitoriosa.
O banco de desenvolvimento regional está sem presidente desde a demissão do americano de origem cubana Maurício Claver-Carone, destituído no mês passado por ter mantido uma relação amorosa com uma subordinada, além de tê-la favorecido internamente, conforme conclui uma investigação independente.
Tradicionalmente, a presidência do BID é exercida por um latino-americano. Mas em 2020 Donald Trump passou por cima da regra informal e emplacou Claver-Carone, um lobista republicano próximo do Senador Marco Rubio, da Flórida. O mandato deveria acabar apenas em 2025.
Ex-presidente do Banco Central (2016-2019), Ilan comanda desde o início do ano a Diretoria de Hemisfério Ocidental do FMI, um dos cargos mais importantes da instituição. Suas atribuições incluem acompanhar as economias de todos os países das Américas e coordenar as negociações de programas de apoio financeiro – como, por exemplo, o que está em vigor com a Argentina.
llan ainda tem dois anos de mandato pela frente, mas de acordo com fontes da Economia, estaria disposto a liderar o BID se tiver apoio entre os principais acionistas do banco.
Pesa a favor de Ilan o fato de ele manter com Janet Yellen uma relação desde os tempos em que ela era a presidente do Federal Reserve e ele estava na presidência do BC.
Em seu atual cargo no FMI, o brasileiro alcançou uma projeção regional relevante e está em contato permanente com as autoridades econômicas dos países latino-americanos.
Como a eleição ocorrerá no próximo mês – antes, portanto, da posse de um eventual novo governo no Brasil – cabe ao Governo Bolsonaro defender uma candidatura.
O BID é a principal fonte de financiamento de longo prazo para muitos países da América Latina e do Caribe.
Ilan também já foi economista-chefe do Itaú e presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil.