A MadeiraMadeira — o maior ecommerce de móveis do País — acaba de comprar a Casatema, uma varejista que desenvolve e vende móveis focados no público infanto-juvenil.
A aquisição é a terceira do CEO Daniel Scandian e a maior da história da MadeiraMadeira, que já havia comprado a iTrack no ano passado, e a IguanaFix em abril deste ano.
A transação aumenta drasticamente a presença da MadeiraMadeira no segmento de móveis infantis, onde ela tinha uma presença tímida.
Até agora, o market share da MadeiraMadeira nas vendas online desse nicho era apenas 5% em comparação aos 20% que ela tem no mercado de móveis de modo geral.
Com a aquisição, o share em móveis infantis vai mais que dobrar, o CFO Carlos Eduardo Annibelli disse ao Brazil Journal.
“A Casatema tem um modelo bem asset light, que é muito parecido com o nosso,” disse ele. “Eles têm o know-how do desenvolvimento e a propriedade intelectual dos produtos que fazem, mas eles não fabricam, mandam produzir tudo com fabricantes cadastrados.”
Segundo o CFO, a Casatema é uma empresa relativamente pequena quando comparada com a MadeiraMadeira, “mas quando colocarmos eles na nossa plataforma o potencial de venda é muito maior.”
A Casatema já vende alguns produtos no marketplace da MadeiraMadeira — mas há potencial para incluir novos SKUs.
“Além disso, temos mais de 100 lojas físicas onde podemos colocar um showroom deles. A gente também tem uma base de fornecedores muito maior e um centro tecnológico de desenvolvimento de produtos que eles vão poder usar,” disse o CFO.
A Casatema foi fundada há onze anos por dois amigos que se conheceram durante o MBA. A empresa nasceu com a proposta de criar ambientes temáticos para os quartos de crianças e adolescentes — daí o nome.
A companhia nunca fez uma rodada e sempre cresceu com a geração de caixa própria. Os únicos sócios são os fundadores Leandro Varela e Marcelo Gejer, além de Jorge Diego (o COO) e Nadia Varela, que cuida da operação nos EUA, que ainda é pequena.
A aquisição, de 100% do capital, será paga com um mix de dinheiro e ações, com os quatro sócios virando executivos da MadeiraMadeira.
A transação vem num momento de virada no mercado de venture capital, com valuations caindo e várias startups tendo que demitir — inclusive a MadeiraMadeira, que fez 60 demissões no início do mês (3% do total de funcionários).
Carlos disse que a empresa está muito saudável — com boa parte dos US$ 190 milhões que levantou em janeiro do ano passado ainda no caixa.
Segundo ele, a empresa teve EBITDA positivo de 2016 até 2020, mas saiu do breakeven no ano passado porque decidiu aumentar os investimentos e acelerar a expansão.
No ano que vem, o EBITDA deve continuar no vermelho, segundo o CFO. “Mas ele vem melhorando muito. Além disso, temos uma situação diferente de outras empresas porque operamos com o modelo de drop shipping, então tudo que eu perco no contábil eu equilibro depois no capital de giro.”
No drop shipping, a MadeiraMadeira opera com zero estoque, se integrando aos sistemas de ERP dos fornecedores e comprando apenas o que já foi vendido em seu ecommerce. “Isso faz com que toda venda que eu faça já aumente meu caixa de imediato,” disse o CFO.
O resultado disso é que, apesar do EBITDA negativo, a MadeiraMadeira praticamente não está queimando caixa este ano.
“Quando teve essa virada de mercado, muitos investidores nos ligaram perguntando qual era nosso runway. Eu falei pra eles que é infinito… Podemos ter resultado negativo, mas o fluxo de caixa é muito equilibrado.”
A RGS Partners assessorou a Casatema.
A MadeiraMadeira não teve assessor financeiro.