A Parcelex – uma fintech brasileira de ‘buy now pay later’ – acaba de levantar uma rodada com o Banco BV que avalia a empresa em R$ 200 milhões.
O dinheiro veio do corporate venture capital do banco, que também se comprometeu com mais R$ 200 milhões em funding para as operações de crédito da empresa por meio de um FIDC.
A captação é a primeira rodada institucional da Parcelex, que foi fundada em 2019 por Hélio Lemos e Pedro Duarte, dois empreendedores seriais que fundaram e venderam a Percycle para a Linx.
Logo no início, a fintech também levantou outros R$ 7 milhões com os fundadores da Bondfaro e Mosaico – Guilherme Pacheco, José Guilherme Pierotti e Roberto Malta – que investiram por meio da Tessera Ventures.
A Parcelex opera com um modelo de crediário digital que se conecta ao ecommerce dos varejistas. A startup já fechou parceria com empresas como Hotmart, Vivo e AME Digital – a wallet das Americanas – para aparecer como opção de pagamento na hora do cliente fechar a compra.
Se o cliente optar pelo crediário da Parcelex, a fintech faz uma análise de crédito e libera o empréstimo, permitindo que o consumidor pague a compra em até 24 parcelas.
Diferentemente das empresas europeias e americanas de ‘buy now pay later’, que cobram os juros dos varejistas, a Parcelex cobra do consumidor.
“No Brasil a margem do varejo é muito apertada. Se eu for cobrar 10%, 20% dele a conta não fecha,” Hélio disse ao Brazil Journal. “Para resolver isso, a gente faz o parcelamento com juros e baseado no risco vamos cobrar um juros maior ou menor.”
A Parcelex já tem parceria com 50 varejistas de grande e médio porte e acaba de se integrar à VTEX e a Nuvem Shop, abrindo um mercado potencial de 2.500 e 40.000 varejistas, respectivamente.
Com a rodada, a fintech tem planos também de entrar no varejo físico. Segundo Helio, a startup já tem feito um piloto em algumas lojas e quer acelerar essa estratégia a partir de agora.
Para o BV, o investimento na Parcelex faz parte da estratégia do banco de diversificar sua carteira de crédito de varejo, que ainda é muito concentrada no financiamento automotivo.
O BV tem uma carteira de crédito de R$ 75 bilhões, dos quais R$ 52 bi estão no varejo. Desse total, R$ 41 bi estão em financiamento de veículos e o restante em cartões, empréstimos pessoais e outros tipos de financiamento.
Jamil Ganan, o superintendente de varejo do BV, disse ao Brazil Journal que o banco já quase dobrou essa carteira de outros financiamentos (além de veículos), que há um ano era de cerca de R$ 6 bi.
O BV já tem parceria com 30 distribuidores e fez investimentos diretos em seis fintechs de crédito, incluindo o Neon.
Apesar da captação, o fundador da Parcelex disse que a ideia é crescer a carteira de forma controlada dado o cenário do mercado, em que a inadimplência tem aumentado.
“Tem ano que você empresta e tem ano que você cobra,” disse ele. “Esse ano estamos cobrando.”
A visão é compartilhada pelo superintendente do BV.
“Em crédito clean crescer a carteira é muito fácil,” disse Jamil. “O problema é que se você não fizer isso bem feito, com cautela, a conta chega lá na frente.”