Agora, uma das vozes mais ácidas e eficazes do antipetismo virou sua metralhadora contra o Presidente Jair Bolsonaro, com adjetivos ainda mais graves.
Aparentemente frágil e inofensivo à frente de sua estante de livros, Villa ruge, gesticula, esbraveja e vocifera contra o Presidente da República, a quem se refere rotineiramente com adjetivos como “psicopata” e “genocida” — daí, para baixo.
Enquanto robôs e milícias digitais atribuídos ao tal ‘Gabinete do Ódio’ atacam diariamente o Presidente da Câmara e até ministros do Supremo, o senhor Villa é uma espécie de contra-insurgência, um exército de um homem só marchando em território inimigo — mas fazendo avanços.
Lançado há menos de um ano, seu canal no YouTube está crescendo exponencialmente: já tem 330 mil inscritos e uma média de 200 mil views por vídeo.
“Nós temos um genocida na Presidência da República,” o historiador de 64 anos repete todos os dias. “A pergunta é, até quando os outros poderes constituídos vão assistir passivamente a tudo isso?”
Villa usa sua bagagem cultural e um conhecimento de História raro no comentarismo nacional para produzir uma semântica própria sobre o governo Bolsonaro.
O grupo que cerca o Presidente, incluindo sua família? “Uma caterva!”
Seus apoiadores? “Alguns são ingênuos, outros, idiotas, e outros, nazistas.” Sobre os “inocentes,” Villa cita uma frase do livro “O Americano Tranquilo”, de Graham Greene: “A inocência é uma forma de insanidade.”
Para ele, Bolsonaro não é do campo democrático. É um “nazifascista.”
“Ele não é nazifascismo na concepção do Rosenberg, da ideia nazista — porque ele nem sabe quem é o Rosenberg! Estamos falando de um homem preguiçoso, ignorante, que não tem capacidade de liderança, despreparado! E calhou — olha o nosso azar!!! — ele já estava fazendo um primeiro ano de governo ruim, e calhou de vir o coronavírus, que é o maior problema sanitário no mínimo do último meio século!”
Na semana passada, depois de Bolsonaro se postar à frente do QG do Exército e conclamar o povo a “lutar junto”, Villa disse que Bolsonaro é “um subversivo que deveria ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional.”
A “simpatia” de Villa por tudo que Bolsonaro representa não vem de hoje. Na pré-campanha, ainda em 2017, depois de Villa tê-lo eviscerado no rádio com a mesma paixão com que destruía Lula, Bolsonaro aceitou o desafio para um debate com Villa na Jovem Pan. No tête-a-tête Villa perguntou ao político sobre “os setores primário, secundáro e terciário da economia”. Bolsonaro dava voltas, deixando claro que não tinha ideia do que o interlocutor estava falando.
O atual presidente já fez duas queixas-crime contra ele, que também já foi processado por Lula, pelo PT e por Fernando Haddad, a quem apelidou de “Jaiminho”, o carteiro preguiçoso do seriado “Chávez”. Villa ganhou todos os processos.
Autor de 38 livros — dois deles detonando o PT — Marco Antonio Villa formou-se em história pela USP, onde também fez doutorado, e passou 30 anos na academia. Na Universidade Federal de São Carlos, era o único de 25 professores que não era simpático ao PT. “Mesmo assim, fui chefe de departamento duas vezes,” regozija-se.
Seu livro “Mensalão” narra o desenrolar do escândalo de corrupção e põe no pau os envolvidos no “projeto criminoso de poder” do PT, na frase cunhada pelo ministro Celso de Mello, do STF.
Villa afirma que Bolsonaro tem uma doença mental facilmente diagnosticável, e que sua “psicopatia”, se não contida, terá final trágico.
“Ele joga brasileiros contra brasileiros. O sonho desse psicopata, desse genocida, é a guerra civil. O que ele quer é a guerra civil, e os Poderes Constituídos tem que dar um basta. Chega de quem conspira contra a nossa Constituição!”
Arregalando os olhos para a câmera, dispara:
“Você acha que é possível esse homem liderar o Brasil pós-coronavírus? Com um filho — ‘Eduardo Bananinha’ — falando o que fala? Com Weintraub na Educação? Ernesto Araújo no Itamaraty? … É com essa gentalha que nós vamos reconstruir o País???”
Em 2018, Villa recebeu a Medalha do Pacificador por recomendação do General Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército e tido como “fiador” de Bolsonaro.
Ontem, após ter lido que os militares “ficariam até o fim” do Governo, Villa disse que pagava pra ver.
Bolsonaro “arrastou o Exército para a cena política, quer transformar o Exército em instrumento de crimes, e o Exército vai ficar para proteger um marginal? Claro que não! Isso é delírio! Tenho absoluta certeza de que isso não vai ocorrer, absoluta certeza! Ele vende isso para dar uma ideia de segurança, de que ele está controlando tudo. Mentira! Ele está absolutamente isolado! É essa a hora de tirá-lo.”
A mensagem otimista do historiador resume-se a uma frase: Bolsonaro não representa a alma do Brasil.
“O Brasil não é o Bolsonaro. O Bolsonaro é uma minoria, uma ínfima minoria. Ele no fundo é um cara mau, doente, perigoso. … O Brasil é solidário e democrata. Nessa crise toda, com esse maluco no Poder, nós estamos tendo exemplos maravilhosos de filantropia, as pessoas se unindo.. É disso que nós precisamos — mas tem um obstáculo: esse genocida no Poder.”