José João “Juca” Abdalla Filho, o maior investidor pessoa física da Bolsa brasileira e um acionista histórico da Petrobras, está se articulando com outros investidores para eleger dois conselheiros independentes na estatal.

Esta é a primeira vez que Abdalla — dono de uma carteira de ações de R$ 8,5 bilhões que inclui empresas como Eletrobras, Cemig, Engie e Kepler Weber — faz indicações ao conselho da Petrobras, onde é acionista há mais de 15 anos e se orgulha de “nunca ter vendido uma ação”.

Numa carta enviada ontem à AMEC, uma associação que reúne investidores no mercado de capitais, Abdalla propôs José Pais Rangel e Marcelo Gasparino para o conselho.  Rangel será candidato à vaga dos acionistas preferencialistas, e Gasparino, dos ordinaristas. O primeiro já representa Abdalla nos conselhos da Eletrobras, Cemig, Kepler e CEG; o segundo, na Eletropaulo, Eternit e Cemig.

 
O processo de eleição de representantes de minoritários ocorre em separado da eleição dos conselheiros ligados ao controlador, que elege oito dos 11 membros do conselho.  (Os funcionários elegem um).

Gasparino disputará o assento com Marcelo Mesquita, e Rangel, com Sonia Villalobos.  Além das indicações para o conselho de administração, Abdalla propôs quatro nomes para o conselho fiscal: Reginaldo Ferreira Alexandre, Susana Jabra, Daniel Alves Ferreira e Rodrigo de Mesquita Pereira.

A assembleia será em 26 de abril.

Na carta, Abdalla diz que seu veículo de investimento — o FIA Dinâmica Energia, administrado pelo Banco Clássico — tem 37,4 milhões de ONs e 50,6 milhões de PNs da Petrobras, o que dá cerca de R$ 2 bilhões a valor de mercado, ou 1% do capital da empresa. Fonte próxima ao Clássico diz que ele já reuniu investidores representando 5% do capital.

 
Antes de propor as candidaturas independentes, Abdalla buscou uma composição com outros minoritários para instalar um processo de voto múltiplo que permitiria aos minoritários eleger três conselheiros. Não houve acordo.
 
Abdalla, cujo pai fez fortuna na década de 50 com a Cimento Portland e diversos outros ativos industriais, começou na Bolsa com a compra de 10% da antiga Tractebel (agora Engie) em 2001.