A eleição de Edy Kogut como chairman da BR Distribuidora, numa assembleia de acionistas realizada na manhã de hoje, contrariou os investidores locais.
Kogut foi indicação da própria Petrobras — e apesar de não ser diretamente ligado à estatal, o ex-executivo da Camargo Correa é próximo do presidente da petroleira, Roberto Castello Branco.
Um grupo de gestoras brasileiras, que costurou toda a indicação do board, queria como chairman Mateus Bandeira, ex-CEO da Falconi e candidato a governador do Rio Grande do Sul pelo Partido Novo.
Os investidores locais queriam mais ascendência sobre a BR Distribuidora, depois de um follow-on em que a Petrobras reduziu sua participação de 70% para cerca de 37% da companhia.
A preocupação era diminuir a esfera de influência da Petrobras, que mesmo sem o controle de fato continua como a maior acionista.
A eleição de Kogut foi garantida principalmente com o voto de estrangeiros que acompanham a recomendação de firmas de “proxy voting”.
A Petrobras se absteve de votar.
Na sexta-feira, a controladora havia feito um pedido de voto múltiplo na assembleia. Nesse sistema, a eleição do board, em vez de ser feita por chapa, é feita de forma individual e o voto de cada acionista é proporcional à sua participação na empresa.
O pedido de voto múltiplo por parte da Petrobras já havia surpreendido alguns investidores, mas, segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal, a companhia havia sinalizado que se tratava apenas de uma precaução.
O mecanismo seria uma forma de garantir a eleição dos nove nomes acordados com os investidores, caso houvesse a indicação de um novo nome de última hora.
Os minoritários dizem não entender por que a recomendação das firmas foi a favor de Kogut — e se ressentem do fato de a estatal não ter votado para garantir a nomeação de Bandeira.
“Não é terrível”, diz um investidor que foi surpreendido pelo resultado da assembleia. “Mas definitivamente é um mau sinal para uma companhia que vem tentando construir uma confiança com o mercado”.
Há quem questione a estratégia dos investidores locais, que falharam na interface com os investidores estrangeiros. “Foi um papelão dos ativistas brasileiros”, diz o analista de uma gestora que não participou da costura.
“O Kogut foi eleito pelos minoritários”, disse uma fonte da companhia. “Se estivessem realmente comprometidos a eleger o Mateus Bandeira, ele estaria eleito”.
De acordo com a Bloomberg, os maiores acionistas da BR depois de Petrobras são BlackRock, Vanguard, FMR, Itau e Norges Bank. Verde, Kapitalo, SPX e Opportunity estão entre os principais investidores locais.