Num festival de irresponsabilidade que ganha contornos criminosos, os caminhoneiros estão jogando o País no caos, ameaçando o funcionamento de hospitais, o tratamento de água e o fornecimento de energia em grandes cidades, dobrando sua aposta após terem inúmeras demandas atendidas ontem pelo Governo.
Num festival de incompetência, Brasilia cedeu a várias demandas dos ‘grevistas’ sem exigir como contrapartida a certeza de que o movimento terminaria. Conclusão: o Governo negociou com gente que não podia entregar o que prometia.
A ‘greve’ está assumindo traços de terrorismo econômico.
Conectados por Whatsapp, os caminhoneiros agora resolveram esticar mais a corda, exigindo que mais demandas sejam atendidas.
Na Folha, a repórter Thaiza Pauluze pintou um retrato da situação que ainda não foi compreendido pelo mercado.
“Os supostos sindicatos que estão negociando não representam os caminhoneiros que estão na rua”, disse à Folha o motorista Aguinaldo José de Oliveira, 40, que trabalha com transportes há 22 anos e para quem o movimento não tem um líder específico.
“São uns aproveitadores que não falaram com a gente antes da greve e chegaram agora, quando já estava tudo parado”, disse à Folha o caminhoneiro. “Nos mais de 30 grupos de WhatsApp que participo, ninguém aceitou esse acordo.”
A reportagem mostra a atualidade do ditado “quando se dá a mão, querem o braço”, e explica por que o Governo americano não negocia com terroristas.
Um outro caminhoneiro, parado em Campina Grande, na Paraíba, reclamou à Folha de pontos que não aparecem no acordo feito em Brasília.
“Por que só caminhoneiros têm que usar tacógrafo e fazer exames toxicológicos?” Segundo a Folha, para ele, “ou todos os motoristas são obrigados a cumprir tais exigências ou nenhum.”
“Pagamos R$ 400 para um exame toxicológico, além do IPVA, do diesel e ainda temos que pagar pedágios caros, que não aparecem no acordo”, disse. “Não está faltando nem comida, nem bebida para gente, vamos continuar nas estradas.”
A continuidade do movimento aumenta os riscos para a economia como um todo.