Shoppings e lojistas parecem estar chegando a um acordo sobre os aluguéis. Com 97% dos shoppings fechados, a recomendação da Associação Brasileira de Shoppings (Abrasce) é que seus associados posterguem a cobrança dos aluguéis até a reabertura dos empreendimentos ou uma definição mais clara da situação.
Glauco Humai, o presidente da Abrasce, disse ao Brazil Journal que a maioria dos shoppings estão seguindo por esse caminho, ainda que as negociações sejam individuais e variem de caso a caso.
“Alguns podem parcelar esse débito em 6 vezes quando normalizar, outros dar descontos em cima do valor, depende das negociações e de como as coisas caminharem.”
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Segundo ele, a maioria dos malls não deve cobrar o Fundo Promocional (o valor pago pelos lojistas para financiar as campanhas de marketing) no período, e devem reduzir o condomínio em torno de 30%.
O impacto do fechamento é estimado em R$ 15 bilhões/mês.
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O CEO de uma das maiores empresas de shopping disse ao Brazil Journal que boa parte dos pedidos de adiamento do aluguel está vindo dos pequenos lojistas, aqueles com mais dificuldade de acesso a capital de giro. “Muitos correm o risco de quebrar,” disse ele.
“O governo está demorando demais para tomar medidas mais enérgicas para ajudar essas empresas. A cada semana que passa, o estrago vai ser maior.”
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A quarentena é brutal para todos, mas os mais afetados são sempre os mais pobres. Uma pesquisa do Instituto Data Favela ouviu 1.142 pessoas em 262 comunidades e mostrou um cenário alarmante: apenas uma semana dentro de casa, sem renda, é suficiente para que 72% dos 13 milhões de moradores de favelas não consigam manter seu padrão de vida.
Pior: 32% deles terão dificuldade até para comprar itens básicos, como comida.
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Desde o início da pandemia, sete em cada dez famílias que moram em favelas já tiveram sua renda reduzida, e 79% delas começaram a cortar gastos. Renato Meirelles, o fundador do Data Favela, disse à Folha que o “quadro pode indicar uma situação de convulsão social num futuro próximo.”
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A charge abaixo ilustra a atual divisão do mundo entre ‘sanitaristas’ e ‘reabricionistas’. Os dois lados tem argumentos válidos, mas, como o mundo desaprendeu a debater as nuances, um quer crucificar o outro.
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Mesmo com o mundo caindo, a Boeing ainda quer a Embraer. O CFO da Boeing disse à Reuters que “estrategicamente, ainda é uma grande parceria. Temos que superar os obstáculos regulatórios e vamos ver quanto tempo isso levará. Ainda é uma prioridade para nós.”
Na sexta, a Folha de São Paulo havia reportado que a americana estava reavaliando o negócio.
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No mercado de dívida, o Tesouro deu uma mãozinha a muitos hedge funds que sofriam com a marcação a mercado das NTN-Bs curtas.
Como as projeções de inflação despencaram nos últimos dias, as NTN-Bs 2021 e 2023 despencaram, e o Tesouro – que antes só comprava as Bs mais longas – hoje fez a primeira recompra das curtas.
Na Bolsa, a B3 aumentou o limite de alta do Ibovespa futuro de 10% para 15%. Durante o pregão.
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A Apple disse que planeja reabrir suas lojas nos EUA na primeira quinzena de abril. A empresa deve retomar as atividades gradualmente, em vez de reabrir todas as lojas ao mesmo tempo.