As ações das construtoras estão na lona, negociando nos níveis mais baixos dos últimos quatro anos. Mas não há alívio em vista.
Fontes do setor dizem que fevereiro foi marcado por um “blecaute de repasses” da Caixa, o que deixou muitas empresas sem capital de giro.
O primeiro trimestre deste ano, já fechado e que deve ser reportado em meados de maio, vai exibir uma tempestade perfeita: espera-se não apenas o pico de entregas (os lançamentos de 2011 estão ficando prontos agora), como também de distratos (o comprador desistindo do apartamento e pedindo reembolso ao incorporador, ou o comprador sendo rejeitado pelo banco no repasse do financiamento).
Nem todas as empresas serão afetadas da mesma forma, no entanto. “Algumas incorporadoras fizeram o dever de casa e não vão sofrer com isso,” diz um analista que acompanha o setor. “A Cyrela tem um processo de acompanhamento de carteira de crédito que vem sendo reforçado nos últimos três anos. Na Helbor, os distratos subiram muito percentualmente, mas são uma fração ínfima do valor geral de vendas sendo entregue.”
Os distratos devem pegar no contrapé empresas como PDG Realty e Brookfield, cuja megalomania de lançamentos e estouros de obras impediram que elas focassem na qualidade de seus recebíveis. Só a PDG lançou R$11 bi em 2011, imóveis que só agora estão ficando prontos.
Como diz um experiente empresário do setor: “Construtora virou palavrão nos bancos, mais uma vez. Quem está bem das pernas tem acesso a crédito, mas quem está mal vai ficar fora do jogo.”