Nessim Daniel Sarfati, que durante quase 30 anos foi o braço direito do controlador da Cyrela, Elie Horn, no desenvolvimento de edifícios corporativos e galpões logísticos, está deixando a Cyrela Commercial Properties (CCP) para abrir seu próprio negócio.
Nessim, como o executivo é mais conhecido no mercado imobiliário paulistano, está criando uma gestora para comprar prédios comerciais que estejam com preços deprimidos (‘distressed‘) e desenvolver galpões logísticos nos próximos dois anos.
A Barzel Properties já nasce com o compromisso de investimento por parte de fundos internacionais. O nome Barzel significa “ferro” em hebraico. Ao redor de 1500, os judeus que comercializavam madeira daqui para a Europa chamavam-na pela sua cor de ferro, daí a ‘madeira de barzel’, que deu origem ao nome Brasil.
No mercado imobiliário de São Paulo, acredita-se que Nessim não vai precisar ir muito longe para captar. Ele já tem proximidade com pelo menos dois fundos internacionais que têm JVs com a CCP: o Prologis e o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB).
Além disso, dada a relação de amizade e confiança entre Horn e Nessim, as fontes consideram improvável que ele saísse da Cyrela sem a bênção e o incentivo do amigo, e apostam que parte da captação virá do próprio Horn e de seu círculo íntimo.
“A CCP tem vocação para imóveis Triple-A, e não para fazer ‘distressed’,” diz um grande corretor. “Faz todo sentido que o Elie coloque dinheiro nessa operação para fazer uma carteira diferente da que ele já tem.”
O novo escritório de Nessim ficará na Av. Faria Lima, ao lado do Shopping Iguatemi, mas o próprio ponto remete à carreira que ele fez junto ao antigo chefe. Nm raio de três quilômetros a partir dali, contam-se sete prédios triple-A que a dupla colocou de pé nos últimos 18 anos e que mudaram a paisagem do eixo Faria Lima, ajudando a transformar a região no polo financeiro que é hoje. Entre estes prédios estão o JK Financial Center, o Faria Lima Financial Center, o Faria Lima Square e o Corporate Park, onde fica a sede da Ambev.
“Tive o privilégio de trabalhar por quase 30 anos para um homem justo e de valores, um benfeitor,” Nessim disse à coluna, falando sobre Horn. “Continuamos amigos muito próximos e certamente faremos negócios em parceria no futuro.”