A nova chicotada do dólar pode colocar à prova a nova política de preços da Petrobras antes do que se imaginava.
Desde a eleição de Donald Trump, o dólar já se fortaleceu 7% (para R$3,43) e o barril de petróleo caiu 0,7%.
Analistas calculam que, se estes preços se mantiverem, daqui a um mês a Petrobras terá que dar um aumento médio ponderado na gasolina e no diesel de 8%. (Pela nova política de preços, a Petrobras revisa as variáveis ‘preço do petróleo’ e ‘market share’ a cada 30 dias.)
Este seria o percentual necessário para manter os preços da gasolina e do diesel no mercado doméstico com o mesmo prêmio em relação ao mercado internacional que a Petrobras praticou nas duas últimas quedas de preço — ao redor de US$ 15,7/barril. O prêmio é calculado ao se comparar o preço da gasolina e do diesel na refinaria (sem o imposto) com o preço lá fora (importação + frete), convertido em reais pelo câmbio do dia.
Por que é importante para a Petrobras manter este prêmio? Porque este sobrepreço permite à Petrobras — uma das empresas mais endividadas do mundo — gerar mais caixa e se recapitalizar.
Analistas que cobrem a empresa já dizem que a Petrobras se precipitou em fazer os cortes de preço da forma que fez.
A empresa promoveu duas quedas no preço da gasolina e do diesel com menos de 30 dias de distância uma da outra; e a segunda queda foi às vésperas da eleição nos EUA.
“A companhia podia ter esperado para ver os resultados e como o mercado ia se comportar,” diz um analista. “Se a Hillary ganhasse, o impacto não seria tão danoso, mas ainda assim haveria algum tipo de impacto.”
Além de deixar a empresa na posição desconfortável de reverter as bondades do último mês, o dólar mais forte volta a pressionar o balanço da estatal. Cerca de 80% da dívida da Petrobras é denominada em dólares, o que transforma a empresa numa espécie de derivativo cambial.
Diz outro analista: “A Petrobras é uma empresa que depende de duas variáveis fora de seu controle: o preço do petróleo e o câmbio. Tudo pode acontecer.”