O sonho não era grande. Era gigante.
A Kraft Heinz fez uma oferta pela Unilever, no que provavelmente seria a maior combinação entre duas empresas de consumo no mundo.
A Unilever recusou o approach, mas a Kraft Heinz — controlada pelos brasileiros da 3G Capital e por Warren Buffett — disse que vai insistir, ressalvando no entanto que não há garantias de que fará uma nova oferta.
A ação da Unilever sobe 11%. A companhia — dona de um portfólio de 400 marcas que vai do sabonete Dove ao chá Lipton, da maionese Hellmann’s ao caldo Knorr — valia US$ 125 bilhões antes da oferta se tornar pública.
No pre-market em Nova York, a Heinz sobe mais de 5%. A companhia valia US$ 102 bilhões no fechamento de ontem.
A oferta vem depois de mais de um ano de especulação de que o melhor ‘fit’ para a Kraft Heinz seria a Mondelez. A Mondelez cai 5% no pre-market, depois de cair 4,8% ontem.
Em seu negócio de alimentos, a Unilever tem marcas como a Becel, Ades, Arisco, Ben & Jerry’s e Maizena.
Mas a companhia também tem um portfólio gigante de marcas de cuidados pessoais, como Seda, AXE, Lux, Rexona, Vaseline, CloseUp e LifeBuoy.
Um terceiro portfólio, de marcas de limpeza, inclui Omo, Comfort, Snuggle, Surf, entre outras.
Será interessante ver se a Kraft Heinz pretende entrar nestas categorias (novas para ela), ou se a proposta de compra contemplava a venda posterior dos negócios não-alimentares.
“A Unilever não é uma história da qual você espera crescimento, é uma companhia onde você pode melhorar margens e aumentar o retorno — exatamente o que 3G faz,” diz o gestor de um fundo global que tem Unilever na carteira. “O papel está negociando a 20 vezes o lucro combinado para os próximos dois anos, abaixo das máximas históricas de 2016.”
Nos últimos anos, a Unilever viu sua margem EBITDA cair de 19% para 16%, mas nos últimos trimestres vem mostrando recuperação: a margem voltou para 18%.