A Kraft Heinz acaba de retirar a oferta pela Unilever, 48 horas depois de receber um ‘não’.
À Bloomberg, o porta-voz da Kraft Heinz, Michael Mullen, disse, “O interesse da Kraft Heinz na Unilever se tornou público num estágio extremamente prematuro. Nossa intenção era proceder numa base amigável, mas ficou claro que a Unilever não queria chegar a um acordo. É melhor nos afastarmos logo, de forma que ambas as companhias possam focar em seus próprios planos de gerar valor de forma independente.”
Segundo o The Wall Street Journal, o CEO da Unilever, Paul Polman, dizia nos bastidores que o modus operandi da 3G — cortes de custo constantes — ‘poderia danificar as marcas da Unilever’, e notou que a Kraft Heinz não tem experiência nos negócios de limpeza doméstica e cuidados pessoais, duas das três linhas de receita da Unilever. O jornal atribui as críticas de Polman a ‘fontes próximas à situação’.
Apesar das críticas as duas companhias publicaram uma declaração conjunta dizendo que se respeitam mutuamente.
A Kraft Heinz, comandada por Bernardo Hees, estava oferecendo US$50 por ação da Unilever, um prêmio de 18% sobre o fechamento da ação na quinta-feira.
Segundo um investidor, “fazer uma oferta dessas e retirá-la de imediato, sem qualquer fato novo, a não ser uma reação mais do que padrão da parte contrária, mostra algum erro na estratégia ou execução.” A lei inglesa, que governa a Unilever, estabelece que a Kraft teria um mês, a partir de sua manifestação de interesse, para fazer uma oferta firme ou desistir. O prazo venceria em 17 de março.
A oferta da Kraft, se bem sucedida, seria o segundo maior casamento da história. Em 1999, a Vodafone comprou a Mannesmann por US$ 172 bilhões, segundo o banco de dados da Dealogic.
Amanhã, o mercado vai se pronunciar. Dado o histórico da 3G e da própria Kraft Heinz, é provável que a Unilever não perca todo o prêmio que ganhou na sexta-feira, quando a ação subiu 13%. Se isto acontecer, o mercado estará dizendo que concorda com o mérito da transação, e que espera que a Kraft volte à carga mais para frente. Já a Mondelez, que na sexta-feira parecia carta fora do baralho, deve se beneficiar desse fim de semana turbulento.