A Lojas Americanas acredita ter descoberto um novo filão para seu negócio de varejo: lojas de conveniência.
A empresa falou do assunto no release de resultados do primeiro trimestre, e pretende elaborar um pouco mais no call das 14:30, mas — seguindo a tradição da casa — não deve fornecer guidance nem do número de lojas nem da taxa de retorno esperada.
A Americanas abriu a primeira loja neste conceito no bairro do Leme, no Rio de Janeiro, no final do ano passado.
A loja-piloto não tem a marca Americanas na porta.  É um lugar para se comprar conveniências como laticínios, sanduiches, alimentos congelados, cafés, cervejas e vinhos.
As fotos disponibilizadas pela Americanas mostram algumas cadeiras e mesas, e salgadinhos numa estufa (como uma Casa do Pão de Queijo); segundo uma fonte, a loja disponibiliza wifi para os clientes.
A loja não tem o charme de um Starbucks, mas procura oferecer o mesmo tipo de espaço para o cliente tomar um café enquanto mata o tempo.
Mas o grande trunfo do modelo parece ser sua escalabilidade:  as lojas demandam apenas 100 metros quadrados (o tamanho de um apartamento).  Para efeito de comparação, uma loja tradicional tem na faixa de 1.200 metros quadrados, enquanto as Americanas Express têm em torno de 400 metros.
Enquanto para abrir uma loja no formato tradicional a Americanas tem que disputar espaço a tapa com outros concorrentes — geralmente em pontos concorridos de áreas centrais — a nova loja cabe em qualquer esquina.
No release, a Americanas disse que peretende abrir 200 lojas este ano, mas aquele guidance se refere apenas ao formato tradicional e à Americanas Express, e não inclui o formato de conveniência.
A empresa também pretende oferecer o novo modelo a donos de postos de gasolina que queiram ter a Americanas como inquilina usando a loja de conveniência como chamariz para atrair mais tráfego.
Como se sabe, a Americanas já manifestou interesse na BR Distribuidora — acredita-se que atraída pelas lojas BR Mania — e já experimentou com o conceito de uma Express dentro de um posto.
Mas com a venda da BR em dúvida, o novo modelo dá à Americanas a opção de abrir essas lojas mesmo se não levar a BR.

Antes de abrir a loja no Leme, a Americanas fez um extenso trabalho de benchmarking internacional, estudando variáveis como sortimento, horário de consumo, área de influência e tamanho das lojas.

A Americanas disse que a implementação do novo formato exige a entrega ‘just in time’ (crucial, já que a área de estocagem é mínima) e uma cadeia de logística muito mais eficiente e dinâmica.
A atratividade do negócio seria sua pequena importância no País, tanto no número absoluto de lojas quanto como percentual do varejo como um todo.
No Brasil, o segmento de conveniência representa 16% do faturamento total do varejo, enquanto no mundo todo é 22%.  E a quantidade de lojas de conveniência em relação ao total de lojas no País é metade da média global.
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Na Bovespa, a Lojas Americanas perde 3,3% esta manhã. Até o meio-dia, a ação já havia negociado o triplo do volume diário médio. A Americanas reportou uma desaceleração de vendas no conceito mesmas lojas (3,7% nos primeiros quatro meses do ano comparado com 7,1% no mesmo período do ano passado e os 6% do quarto tri do ano passado).
Também pesando na Americanas: a B2W, que continua a queimar caixa. Só no primeiro trimestre foram R$ 994 milhões, o que equivale a 83% da injeção de capital de R$1,2 bilhão que a empresa acaba de receber.
Apesar do negócio de marketplace estar indo bem (crescimento de 121% ano contra ano), as vendas de produtos próprios desabaram (mais de 10%).
A ação cai 9% com volume pesado.