O maior cliente da Embraer acaba de anunciar que vai substituir toda sua frota de E190s pelos A220-300 da Airbus — uma derrota comercial que sublinha a posição frágil da Embraer num mercado de jatos regionais que caminha para um duopólio.
A ordem — anunciada pela JetBlue depois do fechamento do mercado — totaliza 60 jatos avaliados em US$ 5,4 bilhões, e mostra que a Airbus está atacando clientes da Embraer num momento de indefinição para a companhia brasileira.
Os primeiros 5 A220-300 serão entregues até 2020, quando a frota E190 da empresa começará a ser gradualmente aposentada, um processo que deve durar até 2025. A JetBlue terá opções para as outras 55.
A JetBlue está programada para receber 24 E190s em 2020 (10), 2021 (7) e 2022 (7). Com o anúncio de hoje, analistas do Bradesco estimam que a JetBlue provavelmente cancelará este pedido, reduzindo o backlog da Embraer em 6%.
A Embraer também tinha recebido encomendas da AirCosta para 50 aeronaves da família E2, mas a empresa indiana faliu. Somando a perda da JetBlue e da AirCosta, o Bradesco estima que o backlog da Embraer cairá em até 23%.
“O evento de hoje mostra que o poder de barganha nas negociações para criar a joint venture na aviação comercial está se inclinando em direção à Boeing e não à Embraer, diminuindo a possibilidade de renegociação material dos termos do acordo,” escreveu o analista do Bradesco, Victor Mizusaki, numa nota a clientes.
Ele manteve seu preço-alvo para Embraer em US$ 31, e uma recomendação neutra. A ação fechou hoje a US$ 23,71, uma alta de 1,7%.