A participação, que tem um valor de mercado de US$ 122 milhões, representa quase 10% do capital da Loma Negra.
O movimento vem num momento em que a Argentina começa a se recuperar da crise cambial que fez derreter o peso. O país está atraindo renda fixa e, desde o low, em agosto, o índice Merval já subiu 35% em dólar, fazendo da Bolsa argentina a que mais sobe no mundo desde que o ano começou.
A Loma Negra tem sido um dos destaques: a ação da empresa já subiu 83% de agosto até hoje.
A participação da Capital tornou-se pública com um filing publicado hoje cedo em Buenos Aires, mas a relação da gestora com a Loma Negra já vem de longa data.
No IPO da empresa argentina, em novembro de 2017, a Capital foi um dos principais investidores.
Em meados do ano passado, no entanto, a Capital vendeu toda sua participação a cerca de US$ 12. (Houve uma mudança de gestor na Capital, o que levou à venda de participações em diversas empresas da América Latina).
A Loma Negra é controlada pela Intercement, a holding que a Camargo Corrêa criou a partir do espólio da Cimpor, uma companhia portuguesa que a Camargo e a Votorantim fatiaram e dividiram entre si em 2012. A Intercement detém 57,3% do capital da argentina.
Apesar da alta desde agosto, em dólar, a ação da Loma Negra sofre uma forte desvalorização desde o IPO, em grande parte pela depreciação do peso.
A Loma Negra também é suspeita de envolvimento no maior escândalo de corrupção da Argentina, o chamado caso Cuadernos.
Um motorista de ex-ministros dos governos Kirchner — que lavavam dinheiro para a família presidencial — anotou durante 15 anos todas as pessoas e empresas que pagavam suborno a membros do governo.
Como a Loma Negra é listada em Nova York, há várias ações coletivas (‘class action’) nos EUA acusando a Intercement de haver mentido sobre os riscos de processos e acusações de corrupção.
Parte do ‘rebound’ argentino tem a ver com Vaca Muerta, a terceira maior reserva de gás natural do mundo, que o país está apenas começando a explorar. Até o fim do ano passado, a Argentina gastava US$ 200 milhões/dia importando gás da Bolívia. Desde outubro, não só ela deixou de importar como passou a exportar cerca de US$ 60 milhões/dia para o Chile — melhorando seu fluxo cambial em US$ 260 milhões/dia.