Depois de um rali espetacular que triplicou o preço de sua ação — de R$ 4 no pior momento da crise para acima de R$ 13 — a Via Varejo lançou uma oferta primária amplamente antecipada, que deve levantar no mínimo R$ 3 bilhões para a dona das Casas Bahia e Ponto Frio.
Na oferta-base, a companhia vai oferecer 220 milhões de novas ações. Ao preço do fechamento de ontem (R$ 13,48), isso levantaria R$ 2,95 bilhões.
Se a demanda vier acima do esperado, a companhia vai colocar mais 77 milhões de ações (o chamado ‘hot issue’).
A oferta prioritária começa hoje e vai até o dia 9. Os atuais acionistas — com data de corte na posição de 2 de junho — terão direito a subscrever 0,169 ação nova para cada ação que já detinham. Se o hot issue vier a ser colocado, o direito de subscrição aumenta para 0,228 ação para cada ação atual.
Os coordenadores, liderados pelo Bradesco BBI, vão começar as videochamadas com investidores nesta sexta, com o objetivo de precificar no dia 15. Os demais bancos no sindicato são BTG Pactual, Banco do Brasil, Bank of America, Santander, Safra e XP.
A oferta vem no momento em que a Via Varejo se tornou uma das ações mais líquidas da Bolsa brasileira, com uma participação crescente de investidores pessoa física, e em que sua maior concorrente, o Magazine Luiza, já negocia firmemente acima do pico pré-covid.
No fechamento de ontem, a Via Varejo valia R$ 17,5 bilhões; o Magazine Luiza, R$ 101 bilhões.
Os recursos da oferta chegarão em boa hora.
A Via Varejo já viu seu caixa líquido encolher de R$ 2,2 bilhões no final de dezembro para R$ 828 milhões no final do primeiro trimestre — quando a companhia costuma pagar aos fornecedores suas compras de Black Friday e Natal.
Mas a grande incógnita é o segundo tri, que só será conhecido em agosto. O CEO Roberto Fulcherberguer tem dito que os canais digitais compensaram a quarentena e elevaram as vendas a 70% do que a companhia fazia antes da pandemia. Ainda assim, o segundo trimestre é sazonalmente o mais fraco.
R$ 3 bilhões virão bem a calhar.